O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu nesta quarta as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a polêmica em torno dos dissidentes políticos de Cuba. "Não posso interpretar o presidente Lula, mas acho que nas palavras dele - que teve experiência de ter feito uma greve de fome e que exerceu autocrítica sobre isso - estava exprimindo apenas algo sobre a greve de fome". Em entrevista à Associated Press, o presidente Lula comparou preso político em Cuba aos bandidos presos em São Paulo.
Amorim afirmou que os Estados Unidos, na sua avaliação, seriam o poder para provocar grandes mudanças em Cuba. "Se alguém está interessado em uma evolução política em Cuba, eu tenho uma receita muito rápida: acabe com o embargo. Isso tudo vai trazer grandes mudanças", disse.
O chanceler argumentou que o Brasil está "muito envolvido na melhoria de vida dos cubanos" ao estimular investimentos brasileiros, o comércio bilateral e a realização de obras de infraestrutura. "Nós achamos que essas mudanças vão acabar trazendo outras mudanças também".
Questionado sobre o apelo de dissidentes cubanos para que o governo brasileiro os apoiasse, Amorim foi lacônico: "tem muita gente que quer o apoio do governo brasileiro. Uma coisa é defender a democracia, os direitos humanos e o direito de falar. Outra coisa é dar apoio a tudo quanto é dissidente do mundo. Isso não é (nosso) papel".
O chanceler argumentou que há outras formas de se falar com Cuba sobre a questão política no país. Conforme alegou, as condenações habituais não têm nenhum efeito prático. "A gente quer ajudar para que haja progresso material e desenvolvimento e melhores condições para o povo cubano. Essas condições melhores trarão naturalmente melhora em aspectos políticos de Cuba".