A União Europeia (UE) e o Mercosul podem chegar a um acordo de livre comércio na próxima reunião de cúpula do bloco europeu com a América Latina e Caribe marcada para 15 a 19 de maio em Madri, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. "Acredito que um acordo pode ser alcançado. Não sei se seria final, mas acredito que possamos assinar um acordo que não seja simplesmente uma declaração política durante a reunião de Madri", afirmou o ministro em entrevista coletiva após as negociações prévias entre UE e Brasil, em Madri.
A UE e o Mercosul deram início a negociações para um acordo de livre comércio em 1999, mas elas foram paralisadas em 2004. "Há uma possibilidade muito concreta de avanço rumo a um acordo da UE com o Mercosul" no encontro de maio, disse, sem dar detalhes.
Diplomacia
No encontro com autoridades europeias, Amorim disse também que o Brasil quer a volta do presidente deposto hondurenho Manuel Zelaya. "Para nós, talvez o mais importante desse processo de reconciliação seja criar condições para que o ex-presidente Zelaya, que era o presidente legítimo, possa também voltar a participar da vida política de Honduras."
O Brasil foi um dos mais fiéis defensores da volta de Zelaya ao poder durante a crise hondurenha e chegou a abrigar o líder deposto em sua embaixada em Tegucigalpa por cinco meses, antes da posse do novo presidente eleito, Porfirio Lobo, em 27 de janeiro.
Sem acordo, Zelaya foi para a República Dominicana sob salvo-conduto para evitar prisão por delitos cometidos durante o mandato. Questionado se o Brasil vai reconhecer o governo de Lobo, saída tida como consenso por analistas, Amorim desviou e disse que o Brasil não reconhece governos, mas sim Estados. "Temos (em Honduras) um encarregado de negócios que está funcionando para fins administrativos e para fins consulares, mas seguiremos vendo o que acontece", indicou.