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O chanceler brasileiro, Celso Amorim, expressou neste domingo, em Londres, a "comoção" do governo pela morte à queima-roupa de um brasileiro pela polícia britânica na estação de metrô de Stockwell, na última sexta-feira, depois de tê-lo confundido com um terrorista.

Em declarações depois de se reunir com o subsecretário do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, David Treisman, o chanceler brasileiro disse ter recebido a expressão de "máximo pesar" por parte das autoridades britânicas.

Amorim, que não pôde se reunir pessoalmente com o chanceler Jack Straw, mas com quem falou por telefone, disse ter recebido garantias de que o governo britânico realizará uma investigação profunda do ocorrido e suas circunstâncias. "É muito importante para nós, embora não possamos devolver a vida a Jean Charles de Menezes. É importante conhecer todos os detalhes", disse.

Menezes, eletricista de 27 anos, foi morto com cinco tiros à queima-roupa por um dos agentes que o perseguiam no metrô.

Mesmo tendo matado o brasileiro inocentemente, o chefe da Scotland Yard, sir Ian Blair, admitiu neste domingo que mais alguém pode ser ferido na busca dos possíveis terroristas-suicidas dos ataques do dia 7 de julho contra a rede de transporte de Londres.

Em declarações à rede tv Sky News, Blair confirmou o uso da política de "atirar para matar" para fazer frente aos suicidas, afirmando, no entanto, que essa prática não será mudada.

"Alguém mais pode ser atingido, mas tudo é feito para que não haja erros. As pessoas têm que tomar decisões em cirscunstâncias aterrorizantes", afirmou.

Blair pediu desculpas pela morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, acrescentando que a Polícia Metropolitana assumia a total responsabilidade pelo ocorrido.

"É uma tragédia. A Polícia Metropolitana assume total responsabilidade. À família, só posso epressar meu profundo pesar", afirmou o chefa da Scotland Yard.

A embaixada brasileira em Londres ainda não divulgou detalhes do ocorrido com Jean Menezes. Não se sabe, por exemplo, se Jean teria entrado em pânico ou se estava ilegalmente no país, embora parentes garantam que sua situação no país era regular.

Em entrevista à CNN neste domingo, o brasileiro Fausto Suarez, amigo de Jean Charles, afirmou estar com medo de viver em Londres e de, como ocorreu com o mineiro, ser confundido com um terrorista. Segundo ele, a polícia afirmou que Menezes foi alvejado porque suas roupas e atitude se assemelhavam a de um terrorista.

"Mas Londres é um lugar frio para um brasileiro. Por isso ele estava usando um casacão. Agora eu tenho medo de viver aqui, porque vou ter que usar um casaco pesado contra o frio e podem achar que estou carregando uma bomba ou algo parecido", afirmou Suarez.

A Scotland Yard anunciou neste domingo que a política de 'atirar para matar' continuará na cidade.

As primeiras notícias de que a vítima era brasileira foram divulgadas pelo jornal dominical 'The Observer', que teria obtido a informação de fontes policiais. Os rumores cresceram depois de a polícia ter procurado a Embaixada Brasileira em Londres.

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