Washington Amostras de ar retiradas na semana passada do local onde o governo norte-coreano realizou uma explosão, há uma semana, confirmaram que a bomba utilizada era de fato nuclear, informou ontem o diretor de inteligência nacional dos Estados Unidos, John Negroponte. Em um comunicado publicado no website de seu escritório, Negroponte disse que a explosão foi nuclear, mas de pequena proporção pouco menos de um quiloton. Cada quiloton é equivalente à força de mil toneladas de explosivos TNT. "Análises das amostras de ar coletadas em 11 de outubro de 2006 detectaram resíduos radioativos que confirmam que a Coréia do Norte conduziu uma explosão nuclear subterrânea dois dias antes", diz o breve comunicado.
O anúncio de Negroponte foi a primeira confirmação oficial dos Estados Unidos de que o teste foi de fato nuclear, como o governo norte-coreano vinha afirmando desde o início. Desde a explosão, a inteligência norte-americana recolhe amostras de ar, imagens de satélite e registros sísmicos para determinar a natureza do teste norte-coreano.
O governo dos EUA disse esperar que a China "faça sua parte" para garantir a aplicação das sanções contra Pyongang previstas na resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, no sábado. A China já está inspecionando caminhões que passam pela fronteira com a Coréia do Norte. No entanto, o governo de Pequim não pretende tratar o país vizinho com o rigor esperado pelos Estados Unidos (veja texto ao lado). Xu Guangyu, chefe da Associação da China para Controles de Armas e Desarmamento, órgão vinculado ao governo, disse que a fiscalização é "uma medida mais simbólica que real".
Para verificar a situação mais de perto, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, se prepara para visitar a região. De hoje ao fim da semana, estão programados compromissos no Japão, na Coréia do Sul e na China.
Recado ao Irã
A secretária declarou ontem que as sanções impostas pela ONU à Coréia do Norte devem ser vistas pelo Irã como um sinal de que o país deve abandonar suas ambições nucleares, ou terá de enfrentar repreensões da comunidade internacional, como ocorreu com Pyongyang.
Rice afirmou que a resolução tomada pelo Conselho de Segurança da ONU no sábado foi "muito forte" e deve punir e isolar o regime da Coréia do Norte. "O mundo reagiu de maneira calma e firme ao teste nuclear realizado pela Coréia do Norte há uma semana", afirmou.
A secretária comparou o teste nuclear norte-coreano com o programa do Irã, que também está sendo analisado pelo Conselho de Segurança. "O governo iraniano está assistindo a tudo e agora pode ver que a comunidade internacional reagirá ao programa nuclear", advertiu ela.