Crânio reconstruído de um Homo erectus chinês| Foto: Russell L. Ciochon/Universidade de Iowa

O chamado "homem de Pequim", um dos fósseis mais famosos entre os ancestrais da humanidade, acaba de ficar um pouquinho mais velho. "Um pouquinho", claro, em termos geológicos: estamos falando de 200 mil anos a mais, de acordo com uma nova datação conduzida por pesquisadores na China e nos EUA. Se a análise estiver correta, é bem provável que o Homo erectus tenha colonizado o extremo leste da Ásia com uma mãozinha das fases glaciais que estavam assolando o planeta - os habitats abertos preferidos pelo hominídeo teriam sido favorecidos pelo frio global.

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A estimativa de que o Homo erectus de Pequim viveu há 800 mil anos, e não há 600 mil anos, como se acreditava anteriormente, está na edição desta semana da revista científica britânica "Nature". A equipe liderada por Guanjun Shen, da Universidade Normal de Nanquim, usou um método novo e um bocado interessante para datar os artefatos produzidos pelo Homo erectus de Zhoukoudian. Essa caverna, que fica na zona metropolitana da capital chinesa, é a maior jazida de fósseis da espécie extinta no planeta, com seis crânios quase completos e cerca de 40 indivíduos encontrados lá.

Para a sorte de Shen e companhia, vários artefatos do local foram feitos com quartzo. E esse mineral, quando atingido por radiação cósmica, ganha duas formas instáveis dos elementos químicos alumínio e berílio, que vão desaparecendo a uma taxa fixa, como o tique-taque de um relógio. Se pedaços de quartzo forem retirados da superfície - sendo enterrados numa caverna, por exemplo -, as formas instáveis deixam de se formar no mineral. Com isso, é possível saber com relativa precisão quando as ferramentas de quartzo foram parar na caverna, o que permitiu aos cientistas datar a ocupação do local pelo H. erectus chinês.

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