Os alemães foram às urnas neste domingo para dar seu voto em uma eleição marcada por uma disputa acirrada entre o atual chanceler, Gerhard Schroeder, e a candidata do Partido Cristão Democrata (CDU, na sigla em inglês), Angela Merkel. O pleito ajudará a decidir a agenda de reformas do país com a maior economia da Europa e pode resultar na escolha da primeira mulher chanceler da Alemanha.

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De acordo com as pesquisas de boca-de-urna, realizadas após o encerramento da votação neste domingo, Merkel deve mesmo se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de chanceler no país. Mas sua aliança de centro-direita não obteve maioria parlamentar.

Uma sondagem realizada para a rede de TV ARD deu aos conservadores de Merkel - a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) - a maior parcela dos votos, com 35,5%. Seus parceiros preferenciais, o partido liberal Democratas Livres (FDP), tiveram 10,5% - a soma dos votos não foi suficiente para formar uma coalizão de governo.

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O Partido Social-Democrata do chanceler Gerhard Schroeder ficou com 34% dos votos, o Partido Verde teve 8,5% por cento e o novo Partido de Esquerda, 7,5%. Sem apoio suficiente para governar com os democratas livres, ela pode ser forçada a dividir poder com a aliança de Schroeder em uma "grande coalizão" - arranjo que os mercados temem possa condenar seus planos de avançar as reformas fiscal e trabalhista na Alemanha.

Um resultado oficial preliminar das eleições será anunciado após a meia-noite.

Em entrevista à rede de televisão ZDF, Angela disse esperar ser convidada para formar um novo governo, mas reconheceu que não conseguirá formar a coalizão centro-direita.

- Nós não atingimos nosso objetivo de ter um governo conservador-liberal - disse Merkel.

Talvez devido à acirrada disputa, ambos os candidatos não fizeram declarações ao votar. Acompanhado de sua esposa Doris, Schroeder foi a pé até uma zona eleitoral localizada em uma faculdade, onde era esperado por muitos jornalistas. Usando um terno azul e uma gravata vermelha e verde, Schroeder votou sorrindo, mas fazendo uso de um laconismo pouco próprio de seu caráter.

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Sua esposa, ao contrário, não se furtou a falar do bom tempo feito no dia das eleições e disse acreditar na vitória social-democrata.

- Meu marido disse: quando faz sol, é porque o Partido Social-Democrata já venceu - disse Doris Schroeder, usando um jogo de palavras em alemão.

Vestida de verde, Angela Merkel votou em uma zona eleitoral localizada na cafeteria da Universidade de Humboldt de Berlim, em companhia de seu marido, o professor de Física Joachim Sauer. Vários fotógrafos e câmaras também a esperavam.Profesor em Humboldt e conhecido por ser um homem tímido, Sauer pode experimentar o que lhe espera caso sua esposa vire esta noite chanceler da Alemanha.

- Você me dá pena - disse o chefe da mesa eleitoral a Saber, que sorriu tristemente.

Quase meia hora antes do voto de Merkel, o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, também foi à Universidade de Humboldt votar. Ele estava acompanhado de sua namorada Minu.

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As diferenças pessoais entre os dois candidatos simbolizam claramente a escolha que a Alemanha deverá fazer. A campanha de Schroeder foi a mais intensa de sua vida política, com comícios por todo o país e a tentativa de projetar uma imagem de liderança e controle. O chanceler sustenta o feito de ter conseguido manter a Alemanha fora da guerra no Iraque, e apelou para o princípio alemão da solidariedade e equilíbrio social, atacando os conservadores como sendo frios e amigos dos ricos.

Merkel, determinada e paciente, mas muito menos carismática, acusa Schroeder de prejudicar suas próprias reformas e de não ter idéia sobre o futuro, fazendo um contraste da Alemanha com regiões mais prósperas como a Escandinávia.

Ela prometeu aumentar os impostos com valor agregado, cortar os custos nas folhas de pagamento, abrandar as regras de contratação e demissão e abrir o sistema de barganha da Alemanha, em uma medida que enfraqueceria os sindicatos do país, dizendo que apenas mais empregos podem garantir a justiça social.