O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, recebeu sinais positivos do Congresso e do Judiciário para levar adiante o diálogo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Os dois, porém, marcaram posição contra uma anistia ampla no que pode se tornar um dos principais motivos de impasse da negociação.
Santos anunciou na noite da segunda-feira passada a sua disposição em reabrir negociações com as Farc para por fim ao conflito de meio século. Trata-se de uma mudança radical em relação ao governo anterior, de Álvaro Uribe (2002-2010), que adotou uma postura de confronto intransigente responsável por enfraquecer a guerrilha, mas incapaz de vencê-la.
A proposta foi bem recebida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Augusto Posada, afirmando que "se queremos ter paz, devemos perdoar". O presidente do Congresso, senador Roy Barreras, porém, apresentou reservas:
"Há coisas que são inegociáveis. Tem de haver justiça, por isso não haverá indultos, anistias ou leis de ponto final. Os máximos responsáveis por crimes de lesa-humanidade deverão pagar por eles", afirmou.
Em seu pronunciamento, o presidente da Corte Suprema de Justiça, Javier Zapata, alertou para que os delitos de lesa-humanidade sejam deixados de fora das negociações, uma vez que são tipificados pelo direito internacional, embora tenha dado sinais de uma postura mais receptiva:
"É preciso buscar alternativas para superar tal barreira", ponderou.
Os guerrilheiros, porém buscarão o perdão irrestrito, disse Francisco dos Santos Calderón, ex-vice-presidente de Uribe e primo do atual chefe de Estado.
"Eles esperam impunidade total. Essa será a grande luta", previu.
Além da questão da Justiça, a agenda inicial contará com seis pontos e incluirão a participação política dos desmobilizados, o desarmamento da guerrilha e a reinserção dos guerrilheiros. Santos disse que a paz se alcançará "com prudência, cautela e decisão".
A União Europeia e os Estados Unidos comemoraram a hipótese de negociação.