A Anistia Internacional (AI) pediu nesta sexta-feira à comunidade internacional que redobre seus esforços diante dos novos abusos do governo do ditador Daniel Ortega contra dissidentes na Nicarágua, depois que 317 deles foram declarados apátridas. “Está claro que o governo de Daniel Ortega aprofunda sua política sistemática de repressão com esta nova onda de táticas repressivas, razão pela qual convocamos com urgência a comunidade internacional a redobrar seus esforços diante desses novos abusos”, declarou Erika Guevara, diretora de AI para as Américas.
A diretora pediu que sejam ativados “todos os mecanismos disponíveis para apoiar, proteger e respaldar os defensores dos direitos humanos e as vozes críticas ao governo” de Ortega, que tiveram sua nacionalidade retirada. “Não nos cansaremos de exigir que o governo de Daniel Ortega acabe com a repressão, o povo nicaraguense não merece continuar vivendo esse pesadelo nem mais um segundo”, acrescentou.
As autoridades nicaraguenses retiraram a nacionalidade de 317 nicaraguenses nos últimos oito dias, incluindo o bispo Rolando Álvarez, condenado a mais de 26 anos de prisão por se recusar a ser deportado pelo governo Ortega para os Estados Unidos; os escritores Sergio Ramírez e Gioconda Belli; o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez; a veterana defensora dos direitos humanos Vilma Núñez; o jornalista Carlos Fernando Chamorro; o ex-comandante Luis Carrión e outros ex-companheiros de armas de Ortega também constam da lista de nicaraguenses declarados apátridas pelas autoridades judiciais do país.
Para Guevara, o exílio forçado é o novo padrão repressivo do governo sandinista, que não parou o “ataque contra os direitos humanos e qualquer forma de dissidência ou crítica” desde que a atual crise estourou no país centro-americano em 2018. “Nesta nova onda de violações dos direitos humanos, Daniel Ortega tenta substituir a prisão injusta daqueles que levantam a voz e defendem os direitos pelo exílio forçado, despojando cruelmente os direitos de centenas de nicaraguenses e reforçando sua política de terror e repressão para aniquilar qualquer dissidência”, denunciou a diretora da AI.
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