A Anistia Internacional disse na sexta-feira que pediu à Itália que lidere uma campanha para que seja estabelecida uma moratória mundial sobre a pena de morte.
A secretária-geral da organização não-governamental, Irene Khan, afirmou que a Itália, país que já tentou propor uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) proibindo a prática, e outras nações com a mesma opinião deveriam ratificar tratados nesse sentido para servir de exemplo.
Isso garantiria que uma eventual resolução da ONU "não se torne apenas um pedaço de papel, mas possa fazer diferença de verdade para quem está no corredor da morte", disse Khan numa entrevista coletiva.
Ela afirmou ter pedido aos premiê italiano Romano Prodi que reúna uma "coalizão global" contra as execuções.
O Grão-Ducado da Toscana foi o primeiro Estado do mundo a abolir a pena de morte, em 1786, acrescentou ela.
Os dados da Anistia referentes a 2006 mostram uma queda nas execuções mundiais, de 2.148 em 2005 para 1.591, e uma redução no número dos países que adotam a pena de morte.
Para Khan, hoje a pena de morte "é a exceção, não a regra, e os linha-dura estão ficando isolados".
Noventa e nove países proíbem a sentença de morte, e 69 ainda a utilizam. Apenas seis países -- China, Irã, Iraque, Estados Unidos, Paquistão e Sudão -- respondem por 90 por cento do total de execuções, sendo que a grande maioria ocorre na China.
Como a China não divulga estatísticas, a Anistia baseia sua totalização numa estimativa conservadora de mil execuções ao ano, embora especialistas afirmem que esse número pode chegar a 8.000. A China começou a rever o processo de pena capital.
Os Estados Unidos, por outro lado, tiveram em 2006 o menor número de execuções em três décadas, disse Khan.
A Itália fez campanha pela moratória à pena de morte na ONU nos anos 1990, e este ano começou a usar seu posto temporário no Conselho de Segurança da entidade para fazer lobby por uma proibição, tentando aproveitar as críticas ao enforcamento do ditador iraquiano Saddam Hussein.