A Associação Nacional de Jornais (ANJ) emitiu uma nota oficial que critica a situação da imprensa na Venezuela, que enfrenta dificuldades para importar papel. Por isso, muitos jornais no país não estão podendo circular ou estão reduzindo drasticamente a tiragem. No documento, a ANJ define a situação da imprensa venezuelana como "dramática" e apresenta as medidas que está tomando em apoio aos veículos de comunicação daquele país.
Uma das iniciativas foi uma carta direcionada ao presidente Nicolás Maduro, com um protesto contra as dificuldades para se obter licença para a compra do papel. Segundo o diretor executivo da ANJ, Ricardo Pedreira, na terça-feira, a associação tentou protocolar a entrega da correspondência na embaixada da Venezuela , mas o embaixador, Diego Alfredo Molero Bellavia, recusou-se a receber o documento e disse que essa seria uma "afronta à soberania venezuelana". A carta será enviada por e-mail ao presidente Nicolás Maduro.
Pedreira explica que a nota "é um gesto simbólico, de solidariedade aos jornais venezuelanos". No documento, a ANJ cita a Declaração de Chapultepec que assinala: "Não há pessoas nem sociedades livres sem liberdade de expressão e de imprensa. O exercício desta não é uma concessão das autoridades, é um direito inalienável do povo".
Contexto
Os jornais venezuelanos dependem de papel importado, principalmente do Canadá (cerca de 80%). Para obtê-lo, as empresas devem pedir à Comissão de Administração de Divisas (Cadivi) permissão para comprar dólares.
Pedreira destaca que há uma série de fatores que têm impedido o livre exercício do jornalismo na Venezuela, como o fechamento de emissoras de tevê e de rádio e uma legislação restritiva, que permite processar e prender jornalistas conforme conteúdo que a imprensa publica.