O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, disse nesta terça-feira que o Irã deve ser "parte da solução" para a crise violenta que assola a Síria e que os iranianos ofereceram apoio. Annan já deixou Teerã e agora visita o Iraque para reunir-se com o primeiro-ministro Nouri al-Maliki. Ele está conversando com os aliados da Síria para conseguir implementar seu plano de paz e encerrar o conflito que, segundo ativistas, já deixou 17 mil mortos.
Esta é a primeira vez que Annan viaja ao Iraque desde que assumiu o posto de emissário internacional das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria.
A viagem para o Iraque e Irã acontece um dia após Annan ter reunido-se com o presidente sírio Bashar Assad. De acordo com o diplomata, os dois concordarem com "uma abordagem" para encerrar a violência e que ele irá partilhá-la com a oposição.
Em Teerã, o enviado da ONU disse que "recebeu encorajamento e cooperação" do governo, mas não especificou qual tipo de ajuda o Irã ofereceu. Fiel aliado da Síria, o Irã forneceu apoio político e militar para Assad por anos, e mantém forte apoio ao regime desde que a revolta começou, em março de 2011.
Os rebeldes que tentam derrubar Assad descartam qualquer papel para o Irã. Os Estados Unidos também vêm rejeitando a participação dos iranianos nos encontros internacionais para discutir a crise.
As forças do governo e os rebeldes ignoraram amplamente o cessar-fogo que era parte do plano de paz proposto por Annan em abril. Na segunda-feira o ex-secretário-geral da ONU ressaltou a urgência de se encontrar uma solução: "Se não fizermos um esforço real para resolver esse problema pacificamente ele pode sair de controle e espalhar-se pela região, levando a consequência que nenhum de nós pode imaginar."
O ministro de relações exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, disse que o país defende os direitos do povo sírio mas opõem-se à intervenção militar, e culpa o envolvimento dos governos ocidentais pelo caos. Já o porta-voz do governo do Iraque, Ali Akbar Salehi, disse que Bagdá planeja oferecer soluções para encerrar o conflito.
Jordânia
O governo da Jordânia disse nesta terça-feira que estabeleceu um acampamento para receber o crescente número de refugiados sírios que estão fugindo da violência. O ministro de Informações, Sameeh Maaytah, disse que os refugiados vão ser abrigados em "campos de emergência" onde serviços de saúde e outros serão fornecidos.
O país abriga atualmente 140 mil sírios. Na semana passada, 1 mil refugiados chegaram ao país, quatro vezes mais que a média semanal, de 250 pessoas.
Rússia
A Rússia enviou uma flotilha de navios de guerra liderada por um destroier antissubmarinos para sua base no porto de Tartus, na Síria, reportou nesta terça-feira a agência de notícias Interfax citando uma fonte militar. As informações são da Associated Press e Dow Jones.
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