O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, ressaltou nesta segunda-feira a necessidade de se evitar um confronto com o Irã devido às ambições nucleares do país islâmico, um dia depois de Teerã afirmar estar determinada a negociar um fim ao seu impasse com o Ocidente.
- Não é o momento para alguém tomar decisões independentes - disse Annan em Doha, seu último destino na viagem pelo Oriente Médio. - Queremos evitar confrontos. Confronto não é de interesse de ninguém na região, nem da comunidade internacional - acrescentou.
Annan viajou durante uma semana pelo Oriente Médio para reforçar um cessar-fogo que encerrou mais de um mês de combates entre Israel e guerrilheiros libaneses do Hezbollah.
Em visita a Teerã no domingo, Annan disse que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, "reafirmou a disposição e a determinação do Irã em negociar para encontrar uma solução para a crise (nuclear)", mas que não vai suspender o enriquecimento de urânio.
A visita de Annan aconteceu dias depois do final do prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU para o Irã suspender atividades nucleares, que os Estados Unidos afirmam ter como objetivo a produção de armas. Teerã diz que seu programa visa a produção de energia.
Jornais de Teerã dizem nesta segunda-feira que deputados se aproximaram da aprovação de uma lei que proíbe a entrada de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a instalações nucleares do país.
"Na sessão aberta do Parlamento (no domingo), a lei para suspender a entrada de inspetores da AIEA foi recebida pela direção e entregue ao Comitê de Segurança Nacional e Política Exterior para análise", disse o jornal Jomhouri-ye Eslami.
O chefe do comitê, Allaeddin Boroujerdi, disse, segundo o jornal: "Se o Conselho de Segurança (da ONU) decidir privar a nação iraniana de seus direitos legais, vamos obrigar o governo a suspender todas as inspeções que estão acontecendo no momento".
A AIEA realiza agora apenas inspeções de rotina em instalações atômicas iranianas, pois o Irã não permite mais as visitas com pouco tempo de aviso prévio.
Apesar de os deputados conservadores, que dominam o Parlamento, manifestarem oposição a um acordo no impasse nuclear do Irã com o Ocidente, a política atômica é decidida pela liderança. A palavra final é do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Questionado sobre a disputa nuclear em sua conferência de imprensa semanal, o porta-voz do governo Gholamhossein Elham disse:
- Achamos que está começando a prevelecer uma atmosfera lógica e estamos otimistas.
Os Estados Unidos disseram na sexta-feira que estão consultando governos europeus sobre possíveis sanções contra a República Islâmica, mas a UE deu sinais de que deseja mais diálogo e concordou em tentar esclarecer a posição do Irã em duas semanas.
O chefe da política exterior da UE, Javier Solana, vai se reunir com o representante da política nuclear do Irã para tentar esclarecer as ambiguidades na resposta de Teerã à oferta das grandes potências de maior cooperação se o Irã encerrar as atividades atômicas.