O enviado especial da ONU e da Liga Árabe para Síria, Kofi Annan, vai ao Irã pedir apoio para uma solução do conflito sírio. Nesta segunda-feira, o diplomata se reuniu com o presidente Bashar al-Assad, em um encontro que o próprio Annan classificou de "construtivo e franco".
"Falamos sobre a necessidade de acabar com a violência e como conseguir isto. Nós concordamos sobre uma forma de tratar esta questão e vou compartilhá-la com a oposição armada", disse Annan, logo depois do encontro com Assad.
Após o fracasso de seu primeiro plano de paz para Síria - que incluía um cessar-fogo que deveria ter começado em abril passado, Annan chegou a Damasco com uma nova iniciativa, lançada desta vez pelo Grupo de Ação para Síria - composto por China, Rússia, EUA, França, Reino Unido, Turquia, Liga Árabe, ONU e UE. A nova proposta sugere a formação de um governo de transição com membros da oposição e do regime sírio.
Em entrevista ao jornal francês "Le Monde", Kofi Annan explicou que a participação do Irã - um dos maiores aliados do regime Assad - na solução da crise síria é importante, uma ideia rechaçada por americanos e europeus. O diplomata ainda admitiu o fracasso da comunidade internacional em relação à Síria.
O anúncio de um novo plano de paz acontece no mesmo dia em que a TV síria estatal divulgou que tropas do governo começaram a fazer treinamentos de defesa simulando ataques estrangeiros.
Annan chegou domingo à capital síria e ficou hospedado no mesmo hotel, onde estão os observadores da ONU desde que suspenderam sua missão no país. É a terceira vez que o diplomata visita a Síria desde que assumiu o cargo de enviado especial, em fevereiro passado.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal órgão opositor, divulgou nesta manhã um comunicado criticando o encontro entre Annan e Assad. Para os dissidentes, a missão do diplomata é uma ação militar internacional é urgente. O CNS ainda acusou Annan de se reunir com símbolos do regime, após se negar a participar na sexta-feira de uma conferência dos Amigos da Síria, em Paris.
Segundo ativistas, confrontos entre opositores e tropas do regime aconteceram nesta segunda-feira em Aleppo, Deir al-Zor, Homs, Deraa e nos arredores de Damasco. Algumas testemunhas ainda alegam ter ouvido disparos na própria capital.