A adolescente judia Anne Frank e sua família podem ter sido encontrados “por acaso” em seu esconderijo em Amsterdã, e não por uma denúncia como sempre se acreditou, de acordo com o museu que leva seu nome.
Um novo estudo sugere que os policiais que foram até o endereço onde a adolescente se escondia investigavam, na realidade, fraudes de cupons de racionamento e trabalho ilegal, indicou o museu Anne Frank House em um comunicado publicado na sexta-feira (16).
“A pergunta sempre foi: quem denunciou Anne Frank e os demais? Este foco explícito no fato da traição restringe, entretanto, a perspectiva da prisão e exclui de antemão outros cenários”, destaca o museu, que fica no mesmo edifício onde a família estava escondida.
Anne Frank e os parentes começaram a viver clandestinamente em julho de 1942 no anexo secreto da empresa de seu pai para não caírem nas mãos dos nazistas. Permaneceram escondidos ali durante anos, até agosto de 1944, antes de serem descobertos e enviados para os campos de concentração.
Nenhum estudo pôde determinar com certeza quem denunciou os Frank e as outras pessoas que se escondiam com eles. Foi neste local que a adolescente escreveu seu famoso diário, um dos livros mais lidos do mundo, traduzido para 67 idiomas e que vendeu mais de 30 milhões de exemplares.
Com base em escritos de março de 1944 e em novos documentos, o pesquisador Gertjan Broek concluiu que “o edifício do canal Prinsengracht 263 não era apenas o esconderijo de oito judeus”.
Funcionários de outra empresa que ficava no mesmo imóvel foram presos alguns meses antes por tráfico de cupons de racionamento, o que teria levado a uma batida dos policiais e, consequentemente, a uma descoberta “por acaso” de Anne Frank e dos outros moradores do anexo secreto.
O estudo “não rejeita a possibilidade de delação, mas leva em conta outros cenários possíveis”, afirmou o diretor-geral do museu Anne Frank House, Ronald Leopold, citado no comunicado. “Esperamos que outros pesquisadores também se sintam motivados a seguir novas pistas”, acrescentou.
Anne Frank morreu de tifo no início de 1945 no campo de concentração Bergen-Belsen, poucos dias depois de sua irmã Margot. Seu pai, Otto Frank, foi o único sobrevivente do anexo secreto.
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