Líderes europeus deram sinais conflitantes durante este fim de semana sobre a ajuda à Grécia, com a chanceler alemã, Angela Merkel, pedindo para que o governo grego resolva sozinho suas dívidas e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, defendendo um apoio da União Europeia (UE).
Os comentários formam o mais recente sinal de divisão dentro da zona do euro, formada por 16 nações, sobre se uma ajuda financeira à Grécia é correta e como fazê-la. O país está passando por crescentes dívidas, que colocaram o bloco em sua maior crise nos 11 anos de existência.
Merkel, que tem pela frente uma eleição em maio, está ciente de que o eleitorado alemão se opõe a uma ajuda à Grécia e endureceu seu discurso contra uma declaração concreta da UE de um apoio financeiro.
Esse ponto de vista a coloca contra Bruxelas e importantes parceiros no continente, que apoiam uma ação para encerrar a onda especulativa sobre os ativos gregos, o que agravou os problemas do país com o aumento do custo do crédito a mais que o dobro daquele visto na Alemanha.
Em discurso à rádio Deutschlandfunk, Merkel negou que a Grécia possua "necessidades financeiras agudas" e rejeitou propostas do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, de que os líderes da UE deveriam acertar um pacote reserva de ajuda durante um encontro nesta semana.
"Eu não vejo que a Grécia precisa de dinheiro no momento, e o governo grego confirmou isso. Por isso, exorto-nos a não aumentar a turbulência nos mercados elevando as falsas expectativas para o encontro de quinta-feira", disse Merkel, referindo-se à reunião de 25 e 26 de março.
"A ajuda não estará na agenda para o encontro de quinta-feira, porque a Grécia diz que ela própria não precisa agora."
Barroso respondeu em alemão ao jornal Handelsblatt, dizendo que a UE precisa urgentemente resolver o problema grego "apesar da agenda política dos países-membros".
"Assegurar a estabilidade da união monetária é do interesse da Alemanha", disse Barroso em uma entrevista a ser veiculada nesta segunda-feira. "Estou certo de que a Alemanha dará uma contribuição construtiva para resolver a atual crise."
O premiê italiano, cujo país há muito tempo é considerado um dos pontos fracos da zona do euro, disse à Reuters em um comício em Bologna, neste domingo, que é "absolutamente a favor" de uma ajuda da UE à Grécia.
Ele afirmou que a UE "não tinha razão de existir" se seus membros não estivessem prontos para acudir um país em crise na zona do euro.
A Itália tem uma relação dívida-PIB similar à da Grécia. O país projetou chegar aos 117 por cento neste ano, perto dos 120 por cento da Grécia, embora Roma tenha conseguido maquiar seu déficit orçamentário e passar pela crise financeira melhor do que outras nações europeias.