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Frank Pomeroy, pastor da Igreja Batista, abraça o Comissário do Distrito 1, Albert Gamez Jr., do condado de Wilson, após a coletiva de imprensa. | Carolyn Van Houten/The Washington Post
Frank Pomeroy, pastor da Igreja Batista, abraça o Comissário do Distrito 1, Albert Gamez Jr., do condado de Wilson, após a coletiva de imprensa.| Foto: Carolyn Van Houten/The Washington Post

O massacre que matou 26 pessoas — a mais jovem com apenas 18 meses de idade — aconteceu em razão de um "problema familiar" envolvendo o atirador e seus parentes, um dos quais frequentava a igreja, disseram autoridades policiais nesta segunda-feira (06).

Enquanto as autoridades não identificaram publicamente um motivo para o ataque, eles enfatizaram que o tiroteio não parece ter sido determinado por questões raciais ou religiosas, como foi o caso de outros massacres envolvendo igrejas. Eles disseram que o assassino enviou "textos ameaçadores" para sua sogra. 

"Isso não aconteceu por motivos raciais ou por crenças religiosas", afirmou Freeman Martin, do Departamento de Segurança Pública do Texas, em uma entrevista coletiva. "Houve uma situação doméstica entre a família e os sogros". 

A sogra do atirador era frequentadora da igreja, mas não estava lá no domingo, quando o tiroteio ocorreu, disseram autoridades. 

Ataques sem fim

Os investigadores levantaram os antecedentes do atirador procurando por pistas enquanto as histórias das vítimas começaram a surgir. 

No total, 26 pessoas foram mortas no ataque à igreja, o último de uma série aparentemente sem fim de ataques em massa em espaços públicos supostamente seguros. Os mortos incluem oito parentes abrangendo três gerações de uma única família

"Dentro da igreja, a idade das vítimas variou de 18 meses a 77 anos de idade", disse Martin. A família que perdeu oito parentes afirmou que uma menina de apenas um ano foi morta no ataque. 

Outras 20 pessoas foram feridas na igreja, dez dos quais permanecem em estado crítico. 

Perseguição

Funcionários do Texas no início da segunda-feira identificaram o atirador como Devin Patrick Kelley, de 26 anos, de New Braunfels, a cerca de 55 quilômetros ao norte de Sutherland Springs. 

Eles disseram que o ex-membro da Força Aérea atirou contra os membros da igreja com um rifle de assalto Ruger antes de trocar tiros com um morador. Martin elogiou os esforços de "dois bons samaritanos" que responderam ao tiroteio, dizendo que um residente que vive perto da igreja ouviu o que estava acontecendo, pegou seu próprio rifle e começou a atirar contra Kelley, acertando-o pelo menos uma vez. 

Kelley deixou cair o rifle, entrou em sua Ford Expedition e fugiu, disse Martin. "Nosso herói do Texas", outro jovem, pulou em seu veículo e os dois perseguiram Kelley, disse Martin. 

Foi "agir agora, faça perguntas depois", disse o motorista da caminhonete, Johnnie Langendorff. 

Durante a perseguição, Kelley ligou para seu pai em seu celular para dizer que "foi baleado e pensou que não iria conseguir", disse Martin. Kelley atirou em si mesmo, embora a causa e o modo de sua morte sejam determinados apenas após uma autópsia, disse Martin. 

Policiais do estado do Texas caminham com o Pastor Frank Pomeroy, da Igreja Batista de Sutherland Springs, e com sua esposa, Sherri Pomeroy, em direção à igreja. Carolyn Van Houten/The Washington Post

 Acesso às armas

Joe D. Tackitt Jr., o xerife do condado de Wilson, disse nesta segunda-feira (06) que, embora os sogros de Kelley frequentem a igreja, eles não estavam lá durante o culto no domingo e só apareceram depois do tiroteio. 

Três armas foram recuperadas no domingo, de acordo com as autoridades: um rifle Ruger e duas pistolas, uma Glock e outro Ruger, dentro do veículo de Kelley. Ele havia comprado um total de quatro armas durante os últimos quatro anos, disseram as autoridades. 

A forma como Kelley obteve suas armas permanece sendo indefinida para os investigadores. Kelley foi condenado a um ano em prisão militar por agredir sua esposa e o filho, tornando-o o mais recente assassino em massa suspeito de violência doméstica no seu passado. Ele foi rebaixado de patente e dispensado por má conduta em 2014. 

Kelley procurou e não obteve uma autorização que lhe permitisse portar uma arma, disseram autoridades. Ele tinha uma "licença de segurança privado desarmado" semelhante a que um segurança de um show teria, disse Martin. 

Em entrevistas, o governador do Texas, o republicano Greg Abbott, disse que a igreja foi intencionalmente alvejada, em vez de escolhida aleatoriamente, mas disse que havia "mais dúvidas do que certezas", um dia após o ataque. 

"Por tudo o que sabemos até agora, ele não deveria ter acesso a uma arma, então, como isso aconteceu?" Abbott disse em uma entrevista nesta segunda-feira de manhã à CNN. "Estamos em busca de respostas para essas questões". 

Kelley havia trabalhado brevemente durante o verão como segurança noturno desarmado no parque aquático Schlitterbahn, em New Braunfels, afirmou a empresa. Ele passou por uma verificação de antecedentes criminais do Departamento de Segurança Pública do Texas antes de começar a trabalhar lá, disse uma porta-voz, embora ela tenha acrescentado que Kelley foi demitido em julho — auge da temporada de verão no hemisfério norte — porque ele não era "havia se ajustado". 

Isso permitiu que ele trabalhasse para a HEB, uma cadeia de mantimento do Texas, em New Braunfels. A porta-voz da empresa, Dya Campos, disse que trabalhou lá por dois meses em 2013 e desistiu; ela não tinha certeza de seu cargo por lá. 

Uma equipe do FBI vasculha o terreno ao lado da igreja. Carolyn Van Houten/The Washington Post

Vazio

O ataque no domingo deixou um vazio imenso em uma cidade do Texas de menos de 700 pessoas, localizadas a cerca de 50 quilômetros a sudeste de San Antonio. 

"Quase todo mundo [dentro da igreja] teve algum tipo de ferimento", disse Tackitt. "Eu conheci várias pessoas lá. Ainda não caiu a ficha, mas cairá". 

Tackitt disse que o interior da igreja era "uma visão horrível", acrescentando: "Você não espera entrar na igreja e encontrar corpos empilhados". Entre 12 e 14 das pessoas mortas ou feridas no ataque eram crianças, disse ele. 

Tackitt passou a manhã de segunda-feira conversando com os repórteres sobre o que aconteceu, o que ele chamou de "parte do trabalho". Ele estava na cena no domingo, voltou para casa apenas por tempo o suficiente para tomar banho, ver sua família e voltar para a cena. 

Tackitt disse que conhecia as pessoas que estavam dentro da igreja, mas ainda não começou a chorar. 

Fraternidade do luto

O massacre fora de San Antonio adicionou Sutherland Springs à crescente lista de lugares sinônimos de tragédia em massa, e aconteceu apenas um mês depois que 58 pessoas em Las Vegas foram mortas no tiroteio de massa moderno mais mortal do país. 

Nos últimos anos, tiroteios tiraram a vida de pessoas em salas de cinema, shows, igrejas, casas noturnas, escolas e escritórios. Após o massacre de domingo, policiais de alguns dos lugares que sofreram suas próprias tragédias — incluindo Aurora, Colorado; San Bernardino, Califórnia; Orlando; e Las Vegas — emitiram declarações públicas de luto para Sutherland Springs, o mais novo membro desta fraternal desgraça. 

O presidente Donald Trump, em uma coletiva de imprensa em Tóquio, disse que a "saúde mental" era o possível motivo, acrescentando que parecia que o atirador era "um indivíduo muito perturbado, cheio de problemas por um longo período de tempo". 

Trump disse que o incidente do Texas "não é uma situação de armas", e acrescentou: "Felizmente, outra pessoa que tinha uma arma reagiu", ou o massacre "teria sido muito pior". 

Ninguém dentro da igreja estava armado no momento do ataque, disse o xerife nesta segunda-feira (06), dizendo que não estava surpreso com esse fato. 

"Pessoas dessa comunidade nunca pensariam que isso poderia acontecer", disse ele.

Movido pela adrenalina, Langendorff (foto abaixo) dirigiu em alta velocidade para tentar alcançar o atirador, enquanto explicava a situação para a polícia no telefone.

Publicado por Ideias em Segunda, 6 de novembro de 2017

Quem é Devin Patrick Kelley, o atirador que matou 26 pessoas no Texas? //bit.ly/2hM9uPb

Publicado por Ideias em Segunda, 6 de novembro de 2017

Uma década atrás, o maior registro de pessoas mortas em massacres era 23.

Publicado por Ideias em Segunda, 6 de novembro de 2017
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