O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, numa aula de ioga em comemoração pelo Dia Internacional do Ioga na sede das Nações Unidas, em Nova York, nesta quarta-feira (21)| Foto: EFE/EPA/JUSTIN LANE
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O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, está fazendo uma visita aos Estados Unidos, onde já esteve outras cinco vezes desde que se tornou premiê, em 2014, mas esta é sua primeira viagem com o status diplomático completo de visita de Estado.

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Na quinta-feira (22), nos dois compromissos mais importantes da sua agenda nos Estados Unidos, ele fará um discurso no Congresso americano, em Washington, e depois será recebido com um luxuoso jantar de Estado pelo presidente Joe Biden (ele já jantará mais reservadamente com Biden e a primeira-dama, Jill Biden, na Casa Branca na noite desta quarta-feira).

Em 2005, quando era ministro-chefe do estado de Gujarate, Modi teve sua entrada proibida nos Estados Unidos devido a um trecho da Lei de Imigração e Nacionalidade, que torna qualquer funcionário de governos estrangeiros que “foi responsável ou praticou diretamente, a qualquer momento, violações particularmente graves da liberdade religiosa” inelegível para um visto para os Estados Unidos.

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Essa proibição foi revogada quando Modi se tornou premiê, mas seu governo segue sendo denunciado internacionalmente por conivência ou até estímulo à perseguição a muçulmanos e cristãos e por outros comportamentos autoritários.

Na terça-feira (20), a agência Reuters revelou que congressistas democratas, partido de Biden, pediram numa carta enviada ao presidente que ele aborde a questão dos direitos humanos nos encontros com Modi.

“Uma série de relatos independentes e confiáveis indica sinais preocupantes na Índia em relação à redução do espaço político, ao aumento da intolerância religiosa, à perseguição a organizações da sociedade civil e jornalistas e às crescentes restrições à liberdade de imprensa e acesso à internet”, apontaram os parlamentares na carta.

Na semana passada, a ONG Human Rights Watch (HRW) já havia pedido que Biden e Modi colocassem as questões de direitos humanos no “centro” das suas conversas.

O que aconteceu para que um político considerado pária nos Estados Unidos se tornasse digno de ser recebido com toda a pompa?

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O primeiro ponto é a guerra na Ucrânia. A Índia se negou a condenar a invasão russa e ajudou Vladimir Putin a contornar as sanções econômicas do Ocidente ao aumentar as importações da Rússia, especialmente de petróleo.

Além disso, Moscou é um histórico exportador de armas para os indianos, ainda que esses negócios tenham sido afetados de um ano para cá devido ao receio de violar sanções dos Estados Unidos, segundo uma reportagem recente do jornal de negócios indiano Economic Times.

Biden quer atrair Modi para o campo dos países que condenam e aplicam sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia e também que a Índia seja um contraponto ao crescimento da influência mundial da China, de quem os indianos tomaram este ano o posto de país mais populoso do planeta e com quem Nova Déli já tem uma relação tensa devido a disputas fronteiriças.

Outro ponto é a necessidade de manter relações harmoniosas com a Índia devido à grande presença de imigrantes e descendentes de indianos nos Estados Unidos: são cerca de 5 milhões de pessoas vivendo em território americano.

Com essas preocupações em mente, não se sabe até que ponto Biden conseguirá abordar temas espinhosos nas conversas com Modi, mas Daniel S. Markey, consultor sobre assuntos do sul asiático no Instituto para a Paz dos Estados Unidos (Usip, na sigla em inglês), disse em entrevista à CNN que os encontros do premiê indiano com lideranças internacionais (ele visitou o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, no mês passado e se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na cúpula do G7 no Japão) dão um verniz de legitimidade que pode ser prejudicial para seus opositores na Índia.

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“Seus apoiadores são encorajados pelo respeito que ele [Modi] conquista no cenário mundial, enquanto seus críticos ficam desmoralizados porque suas preocupações não são levadas a sério por outras democracias”, alertou Markey.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]