Associações antifranquistas se concentraram neste sábado em frente ao monumento do Vale dos Caídos, onde esteve enterrado o ditador espanhol Francisco Franco, para reivindicar a “conversão” do local em um “memorial democrático e antifascista”. No 46.º aniversário da morte do general Franco, mais de 70 pessoas se reuniram fora da basílica do Vale, onde milhares de vítimas de ambos os lados da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) estão enterradas. Ao mesmo tempo, dezenas de apoiadores da ditadura entraram na igreja para uma missa pela alma do militar, que governou a Espanha desde o fim da guerra até a morte, e de José Antonio Primo de Rivera, fundador do partido de inspiração fascista Falange.
Segundo o presidente da organização estatal Foro por la Memoria, Arturo Peinado, o objetivo da concentração era exigir, depois de ter conseguido fazer com que os restos mortais de Franco fossem retirados do Vale, que se dê mais um passo na “conversão” do local. O presidente da entidade na região de Madri, Miguel Ángel Muga, disse que, para o Vale dos Caídos se tornar um lugar de “memória democrática”, teria de ser dessacralizado: a comunidade de monges beneditinos e os restos mortais de José António Primo de Rivera, que foi fuzilado em 20 de novembro de 1936 e enterrado na basílica, teriam de sair, e a grande cruz que coroa a igreja deveria ser retirada.
“Uma missa em nome do ditador é um ato de exaltação da ditadura, que é proibida por lei”, disse Muga, ao condenar o fato de o governo continuar a permitir esse tipo de evento. Duas outras manifestações antifascistas também foram anunciadas neste sábado na cidade de Madri.
Tramita no Congresso espanhol um projeto de lei sobre memória democrática que prevê a mudança do nome do Vale dos Caídos para Cuelgamuros, de acordo com uma emenda dos socialistas e do Podemos, para transformar o reduto em um “lugar de memória democrática”. Os restos morais de Franco já não estão no local desde 24 de outubro de 2019, quando foram levados do Vale para um cemitério na periferia de Madri. A decisão do primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, foi apoiada pela Justiça, mas em meio a uma grande controvérsia política, midiática e social.
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