O Irã reiterou na sexta-feira que não irá discutir a suspensão do seu programa de enriquecimento de urânio, num sinal de que o país não está disposto a fazer concessões às potências ocidentais.
O Ocidente suspeita que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares secretamente, mas a República Islâmica diz que suas atividades se destinam apenas à geração de energia com fins pacíficos.
A reunião ocorrida em Istambul é continuação do encontro do mês passado em Genebra, após um hiato de mais de um ano nos contatos entre o Irã e as seis potências envolvidas na negociação -- Estados Unidos, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha.
"Não permitiremos que quaisquer discussões ligadas ao congelamento ou suspensão das atividades de enriquecimento de urânio sejam discutidas na reunião de Istambul", avisou de antemão a jornalistas Abolfazl Zohrevand, assessor do negociador nuclear iraniano Saeed Jalili.
O urânio pode servir de combustível para usinas nucleares civis, se for baixamente enriquecido, ou para armas nucleares, se atingir um grau mais elevado de pureza.
As perspectivas de progresso ficaram ainda mais distantes por causa da aparente relutância do Irã em aceitar uma reunião bilateral de Jalili com a delegação norte-americana, comandada pelo subsecretário de Estado William Burns.
Jalili se reuniu separadamente com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e com representantes da Rússia e depois da China. Na noite de sexta-feira (à tarde no Brasil), teve início uma sessão plenária com os envolvidos. As discussões prosseguem no sábado.
Um diplomata ocidental disse que Jalili não se manifestou sobre o encontro com Burns. Contatos oficiais entre representantes de Irã e EUA -- que não mantêm relações diplomáticas há mais de 30 anos -- são raros e habitualmente cercados de sigilo.
A TV estatal iraniana disse que o resultado da reunião de Jalili com a delegação chinesa seria crucial para a continuidade do diálogo.
As potências veem com impaciência a diplomacia errática do Irã, e esperam um sinal claro de que a República Islâmica aceitaria um envolvimento que resulte em maior confiança mútua, mesmo que sem avanços substanciais imediatos.
O Irã está sob sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) devido à sua recusa em abandonar o enriquecimento de urânio. Durante seu encontro de uma hora e meia, Ashton e Jalili reiteraram suas posições, e nenhum avanço ocorreu.
Ashton apresentou as linhas gerais de uma possível renovação da oferta de combustível nuclear, pela qual o Irã entregaria urânio baixamente enriquecido, e em troca receberia urânio enriquecido até o grau necessário para o uso em um reator de pesquisas médicas.
Mas, segundo um diplomata ouvido pela Reuters, a proposta não chegou a ser formalizada, já que Teerã exige como pré-condição a suspensão das sanções econômicas.
A proposta de intercâmbio nuclear havia sido lançada originalmente pela ONU, e o Irã passou meses sem responder. No ano passado, sob mediação de Brasil e Turquia, Teerã sugeriu que aceitaria a troca, mas as potências ocidentais então consideraram que já era tarde demais, e dias depois impuseram novas sanções ao país.
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