A Rússia e a União Européia (UE) uniram-se aos EUA na quarta-feira ao condenar a declaração do Irã de que, desobedecendo a uma exigência da Organização das Nações Unidas (ONU), havia enriquecido urânio. Israel reagiu com cautela ao anúncio e sugeriu que o uso da força não resolveria a disputa.

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O porta-voz do governo da França, Jean-Francois Cope, disse a repórteres, após uma reunião semanal de gabinete, que as atividades de enriquecimento do Irã eram um "passo na direção errada". Já o ministro das Relações Exteriores francês, Philippe Douste-Blazy, considerou o anúncio "preocupante" e sugeriu que Teerã interrompesse as "atividades perigosas".

A Alemanha também expressou "grande preocupação" com o anúncio iraniano e exortou o país a congelar seu programa, conforme foi exigido pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

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- O Irã, aparentemente, não está pronto para deixar o caminho do auto-isolamento - disse o porta-voz do governo Thomas Steg.

- Isso é lamentável - disse Emma Udwin, porta-voz de Benita Ferrero-Waldner, comissária da UE para as Relações Exteriores. - Continuaremos a buscar uma solução diplomática, mas anúncios desse tipo não ajudam.

Israel reagiu com cautela ao anúncio, dizendo que, embora a ameaça ao Estado judaico exista, a diplomacia ainda é a melhor forma de tentar conter o Irã. O veterano político Shimon Peres disse que o anúncio de Teerã era "preocupante e frustrante", mas que era necessário ter paciência.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou que o uso da força não resolveria o impasse em torno do programa nuclear iraniano, mas não rejeitou de forma explícita, como havia feito outras vezes, a imposição de sanções.

- Se tais planos (de uso da força) existirem, eles não serão capazes de resolver esse problema. Pelo contrário, eles podem criar uma perigosa chama explosiva no Oriente Médio, onde já há chamas suficientes - disse, segundo agências de notícias russas.

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Sergei Lavrov conclamou o governo do país islâmico a suspender seu programa de enriquecimento de urânio, dizendo que o anúncio recente infringia as decisões da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e do Conselho de Segurança.

Mas uma importante autoridade iraniana descartou a possibilidade de o país recuar.

- As atividades nucleares do Irã são como uma queda d'água que começou a correr. Não há como detê-la - disse a autoridade, que não quis ter sua identidade revelada.

O chefe da AIEA, Mohamed ElBaradei, visitará o Irã na quinta-feira para buscar a cooperação do país com o Conselho de Segurança e a agência, mas a viagem foi abalada pelo discurso de Ahmadinejad.

A AIEA - que tem inspetores no Irã investigando instalações nucleares - não comentou as declarações do Irã.

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O Departamento de Estado dos EUA disse ser incapaz de confirmar o anúncio do Irã e alguns especialistas afirmaram que, mesmo tendo dito a verdade, o governo iraniano ainda estava a anos de distância de conseguir produzir uma arma nuclear.

O nível de enriquecimento necessário para conseguir fabricar bombas nucleares é muito mais alto que os 3,5% anunciado pelo Irã. Com o atual número de 164 centrífugas, o país gastaria duas décadas antes de produzir urânio suficiente para fabricar uma bomba.

Mas o governo iraniano pretende colocar em operação 3.000 centrífugas, o que tornaria possível obter, dentro de um ano, o material necessário para equipar uma ogiva nuclear.

O presidente iraniano alimentou a preocupação da comunidade internacional com o programa nuclear iraniano ao, no ano passado, defender a destruição de Israel.