O presidente russo, Vladimir Putin, enviou um telegrama nesta quinta-feira (8) a seu antigo colega, o ex-presidente norte-americano George W. Bush, desejando-lhe rápida recuperação de uma cirurgia no coração.

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Pode ter sido coincidência o Kremlin ter divulgado detalhes do telegrama um dia depois de Barack Obama ter cancelado uma planejada reunião com Putin, mas pouco é deixado ao acaso na política russa.

As palavras calorosas ao homem que certa vez disse ter olhado Putin nos olhos e entendido "o sentido de sua alma" destacaram como é diferente a relação entre os líderes do Kremlin e da Casa Branca agora.

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Bush descreveu Putin anos depois como sendo um homem de sangue frio, e os laços se deterioraram com a guerra entre a Rússia e a Geórgia, que começou há cinco anos nesta semana, mas havia respeito e camaradagem quando eles se reuniram pela primeira vez como presidentes, em junho de 2001.

Na última reunião de Obama com Putin, durante a cúpula do G8 na Irlanda do Norte em junho, o presidente russo tinha uma expressão zangada, de reprovação e inquieta. Às vezes, ele olhava com raiva.

Será que uma relação melhor com Putin teria feito com que Obama tomasse uma decisão diferente sobre comparecer às conversas de setembro em Moscou? Talvez não, mas um relacionamento melhor poderia tê-los ajudado a evitar uma situação onde tal decisão fosse considerada.

"Às vezes, em tempos de crise, quando diplomatas fracassam em chegar a um acordo, os relacionamentos pessoais podem ser importantes como último recurso... Há uma falta de química pessoal entre Obama e Putin", disse Maria Lipman, analista russa do Centro Carnegie de Moscou.

O bom início de Bush com Putin nas negociações na capital eslovena Liubliana, seguido de um encontro, quatro meses depois, no rancho de Bush no Texas, contrasta com o difícil início da relação Obama-Putin.

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Quando Obama foi para a Rússia em julho de 2009 Putin era primeiro-ministro, mas ainda a figura dominante na Rússia sob a presidência de seu protegido Dimitri Medvedev, e o ex-espião da KGB convidou Obama para visitar sua dacha, ou casa de campo.

"Nós podemos não acabar concordando em tudo, mas acho que podemos ter um tom de respeito mútuo e consulta que servirá bem, tanto ao povo americano quanto ao povo russo", disse Obama a Putin.

Fontes diplomáticas disseram que, apesar disso, Putin passou a dar a Obama um sermão político e eles não conseguiram quebrar o gelo.

Autoridades russas, no entanto, dizem que Obama foi distante e sempre se mostrou arrogante.

A relação entre ambos nunca se transformou em amizade, com Obama parecendo ter mais em comum com o relativamente liberal Medvedev.

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Durante a campanha de reeleição de Putin, em 2012, ele acusou os Estados Unidos de financiar seus opositores.

A relação também está bem distante da camaradagem de tapinhas nas costas entre Bill Clinton e Boris Iéltsin nos anos 1990, quando suas afinidades sobreviveram às diferenças de seus países durante crises como o colapso da ex-Iugoslávia que virou guerra.

Não há nada da óbvia cordialidade que Putin demonstrou ao longo dos anos aos ex-líderes italiano e alemão, Silvio Berlusconi e Gerhard Schroeder.

Schroeder descreveu Putin como sendo um "democrata perfeito", e assumiu o cargo de presidente da diretoria de um projeto de gasoduto russo-alemão depois de deixar o governo.

Ao menos o relacionamento Putin-Obama não foi arruinado por incidentes como o de 2007, quando diplomatas dizem que Putin usou seu grande cão preto para intimidar a chanceler alemã, Angela Merkel, durante um encontro em sua dacha.

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