O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, levou neste sábado (6) sua campanha contra a energia nuclear à cidade de Hiroshima, que 66 anos atrás se tornou a primeira vítima de uma bomba atômica no mundo.
A iniciativa marca uma mudança de curso em um país que até agora havia evitado cuidadosamente relacionar sua indústria nuclear, em rápida expansão e atualmente desacreditada, ao trauma de ter sido o único do mundo atacado com bombas atômicas.
Falando na cerimônia de aniversário para as vítimas da bomba lançada em Hiroshima, Kan repetiu que a pior crise nuclear do mundo nos últimos 25 anos, ocorrida na cidade de Fukushima, depois do terremoto de março de 2011, o convenceu de que o Japão deveria pôr fim à sua dependência da energia nuclear.
As autoridades ainda estão tendo de controlar os danos causados na usina nuclear de Fukushima pelo terremoto e o tsunami que ele provocou. A crise desencadeou pedidos generalizados de encerramento da dependência de energia nuclear num país propenso a terremotos.
"Vou refletir sobre o 'mito de segurança' da energia nuclear, investigar cuidadosamente as causas do acidente e as medidas fundamentais para garantir proteção, bem como reduzir a dependência de usinas de energia nuclear e ter como objetivo uma sociedade que não dependa de usinas de energia nuclear", disse Kan.
Em 6 de agosto de 1945, nos últimos dias da 2a Guerra Mundial, um avião dos Estados Unidos despejou a bomba atômica, apelidada de "Little Boy", em Hiroshima, situada no oeste do Japão.
A cifra de mortos foi estimada no fim daquele ano em cerca de 140 mil pessoas, de um total de 350 mil habitantes da cidade na época.
Os EUA lançaram uma segunda bomba atômica contra a cidade de Nagasaki, no sul do país, em 9 de agosto. O Japão se rendeu seis dias depois.