Ao menos 40 civis morreram nas últimas 24 horas durante um combate entre o Talibã e forças afegãs pelo controle de Lashkar Gah, capital da província de Helmand, no sul do Afeganistão. A informação é da Missão das Nações Unidas no Afeganistão (Unama), que disse também que o número de civis feridos é de 118.
"Talibã continua o ataque por terra e o Exército afegão tenta repeli-los. A ONU pede o fim imediato dos combates em áreas urbanas", afirmou a missão em um tuíte.
A organização Médicos Sem Fronteira (MSF) também alertou para o conflito. “Tem havido tiros, ataques aéreos e morteiros em áreas densamente povoadas. Casas estão sendo bombardeadas e muitas pessoas estão sofrendo ferimentos graves", disse Sarah Leahy, coordenadora do projeto Helmand do MSF, acrescentando que os combates dentro de cidades tornam mais difícil a resposta de grupos humanitários.
"Nossa equipe faz parte da comunidade e, como muitas pessoas, tem medo de sair de casa. É muito perigoso e a vida está paralisada", relata Leahy, contando também que vários de seus colegas estão dormindo no hospital por considerar o local mais seguro.
Diante do cenário de guerra, o general Sami Sadat, líder das forças afegãs na luta contra os talibãs, pediu que os moradores de Lashkar Gah deixem a cidade o quanto antes. "Eu sei que é muito difícil para vocês deixar suas casas – é difícil para nós também – mas se vocês ficarem desalojados por alguns dias, por favor, nos perdoem", disse ele, segundo informou a BBC News. Segundo relatos, os militantes já tomaram a maior parte da cidade.
Mesmo estando em negociações de paz com o governo afegão, o Talibã está aproveitando a saída das tropas americanas e da Otan para aumentar sua ofensiva. Os militantes afirmaram recentemente que já controlam 85% do território do Afeganistão, principalmente em áreas rurais. Quase todos os distritos nas províncias de Kandahar e Helmand e no oeste de Herat estão sob controle do grupo, que agora tenta dominar também as capitais.
Nesta segunda-feira, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, que recentemente esteve na Casa Branca, culpou os Estados Unidos pela grave deterioração da situação de segurança no país, acusando o governo americano por sua decisão "abrupta" de retirar suas tropas do país e por um processo de paz "precipitado".