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Política externa

Aonde vai Obama?

Funcionários do serviço secreto norte-americano montam guarda enquanto o Air Force One, o avião do presidente Barack Obama, taxia no aeroporto Stansted, perto de Londres, na última quinta-feira | Toby Melville/Reuters
Funcionários do serviço secreto norte-americano montam guarda enquanto o Air Force One, o avião do presidente Barack Obama, taxia no aeroporto Stansted, perto de Londres, na última quinta-feira (Foto: Toby Melville/Reuters)
Para uma analista, Obama pratica a política do

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Para uma analista, Obama pratica a política do

A crítica mais incisiva contra a política externa do presidente Barack Obama compara o que foi dito durante a campanha do "Sim, Nós Podemos" com o que ele está fazendo de 2009 para cá.

Para enterrar a ideia de que o governo é todo retórica e ne­­nhuma ação, o líder norte-americano parece se esmerar um bocado desde a noite em que surgiu na televisão, ao vivo em rede planetária, para contar que Osama bin Laden (1957-2011) já era.

Foi na noite do dia 1.º de maio, madrugada do dia 2 no Brasil, e Obama entregou a cabeça do arqui-inimigo dos EUA. Nas se­­manas seguintes, o que se viu e ouviu foi... Mais retórica. O presidente fez um discurso sobre o mundo árabe, falou sobre o conflito entre palestinos e israelenses – pareceu ensaiar uma aproximação com os primeiros, mas depois voltou atrás –, e engatou uma viagem pela Europa, da Irlanda à Polônia, com o G8 no meio, que termina neste sábado, em Varsóvia.

Analistas consultados pela Gazeta do Povo têm poucos pontos favoráveis a destacar sobre a política externa do governo Oba­­ma até o momento. Oscila-se entre a desilusão romântica e a fria indiferença.

Luciana Worms, professora de Geopolítica no Dom Bosco, define o trabalho de Obama nas questões estrangeiras como "absolutamente previsível" e ela não esconde a frustração ao falar assim.

Quando atendeu a reportagem, na noite de sexta-feira, ela assistia ao filme Gandhi, em que o ator Ben Kingsley interpreta o líder indiano pregador da não violência, um dos símbolos do desejo romântico de um mundo melhor, morto a tiros em 1948.

"Talvez Obama não queira desempenhar esse tipo de papel [de símbolo de um mundo melhor]", diz Luciana. "Obama está praticando a política do bate e assopra. Depois da morte de Bin Laden, ele tentou mostrar que é favorável ao mundo árabe, mas acabou gerando uma situação constrangedora", argumenta.

A professora de Geopolítica se refere ao episódio em que Obama fez um discurso defendendo a criação de um estado palestino para, dias depois, reafirmar o vínculo com Israel e acalmar o premiê Benjamin Netanyahu. A maior decepção que ela experimentou em relação ao presidente americano foi ver a falta de disposição dele em incentivar um processo de paz no Oriente Médio.

Vários analistas consideraram vazias as palavras de Obama sobre o embate entre Israel e Palestina. Elas foram ditas por outros líderes antes dele e não tiveram qualquer efeito prático.

2012

De acordo com Luciana, Obama se preocupa com a disputa eleitoral de 2012 e tem o desafio de fazer um sucessor democrata para 2016, algo que o republicano Ronald Reagan conseguiu nos anos 1980, "apesar de uma política externa asquerosa". Então, respondendo a pergunta no título desta matéria, o rumo de Obama é a campanha política. Ela impulsiona o presidente, inclusive na política externa.

Para Marcos Alan Ferreira, professor de Relações Inter­­nacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo, Obama não fez muito mais que dar continuação à gestão do antecessor, George W. Bush, o homem que conseguiu criar uma "doutrina" com o seu nome, combatendo o "eixo do mal" e fazendo barbaridades dentro e fora dos EUA.

"Os maiores desafios de Obama são internos e não externos", explica Ferreira, referindo-se a questões financeiras, de saúde e, nas últimas semanas, climáticas. Segundo o professor, procedem as críticas de que o presidente americano ainda se destaca pela retórica sem ação. Na questão de Israel, por exemplo, ele falou e falou sobre um estado palestino para, no Congresso, ver o Partido Demo­crata colocar-se ao lado dos israelenses não importa qual seja o argumento de paz.

"Proativo"

Apesar das dificuldades, Ferreira diz ver em Obama um presidente mais "proativo" em relação às nações estrangeiras, viajando mais e estabelecendo contatos.

Em um texto publicado no início do mês pela revista The New Yorker (leia mais no ro­­dapé da pá­­gina), o correspondente em Washin­­g­­ton Ryan Liz­za tratou da política externa de Obama, destacando a ideia que perpassa todas as decisões do mandatário, a de que "a América precisa agir com humildade".

Porém, tal postura não o impede de defender os interesses do país que representa e também os seus próprios. O individualismo é, afinal, uma característica preponderante dos EUA.

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