Ao abandonar seu tradicional fuzil Kalashnikov e tingir a barba de preto, Osama Bin Laden apresentou uma nova imagem ao mundo em vídeo divulgado na sexta-feira em que não fez ameaças específicas, mas que pode ser um sinal para novos ataques da Al-Qaeda.
Em um comunicado de meia hora divulgado quatro dias antes do sexto aniversário dos ataques do 11 de Setembro nos EUA, Bin Laden oscilou entre lições de História e sermões, urgindo os americanos a abandonarem o capitalismo e aderirem ao Islã se quiserem terminar a guerra no Iraque. Analistas de segurança disseram que o há muito esperado vídeo - o primeiro de Bin Laden em quase três anos - derrubou rumores de sua morte e foi mais significativo pelo seu estilo do que pelo seu conteúdo.
- Ele apareceu sem a jaqueta militar camuflada que costumava usar e sem seu fuzil Kalashnikov favorito, que tomou de um general soviético na Guerra do Afeganistão. Ao tingir seu cabelo e barba e vestir roupas árabes, Bin Laden estava tentando mostrar uma nova cara, mais madura, a de líder espiritual da Al-Qaeda - considerou Abdel Bari Atwan, editor-chefe do jornal árabe-londrino "al-Quds".
Outros analistas, no entanto, consideraram a "maquiagem" bizarra.
- Ela fez ele, um homem que clama querer ser um mártir, parecer vão e ridículo - avaliou M.J. Gohel, da Asia-Pacific Foundation, uma consultoria baseada em Londres.
Apesar da falta de um conteúdo mais dramático, os analistas disseram não poder descartar a hipótese de que a primeira aparição de Bin Laden desde as vésperas da eleição presidencial americana de 2004 seja um chamado para novos ataques.
- Como vídeos de Bin Laden falando para as câmeras são tão raros, a divulgação desta fita em particular pode ser o sinal para um grande ataque, apesar de a mensagem não conter nenhuma de suas ameaças abertas aos Estados Unidos - disse Gohel.
- Talvez isso seja um alerta de que um ataque pode acontecer em breve. Esse é um tipo de vídeo de convocação. Talvez haja nele uma mensagem aos seus seguidores: sigam em frente e façam o que devem fazer - acrescentou Atwan.
Enquanto isso, em discurso ao Conselho de Relações Externas na sexta-feira, o general Michael Hayden, diretor da CIA, disse que as agências de inteligência dos EUA acreditam que a Al-Qaeda está planejando "ataques de alto impacto" contra o país, ficando em alvos que "produziriam vítimas em massa, destruição dramática e conseqüências econômicas significativas".
No discurso, Hayden também defendeu o controverso programa da CIA de deter suspeitos de terrorismo em prisões secretas fora dos EUA e submetê-los a duras formas de interrogatório. Ele insistiu que todas as medidas tomadas pela agência são legais, mas prometeu que a CIA vai continuar operando dentro dos limites impostos pela legislação americana.
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