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O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei| Foto: EFE/EPA/Iranian supreme leader office

Eleitores iranianos vão às urnas nesta sexta-feira (28) para eleger um novo presidente após a morte inesperada de Ibrahim Raisi em um acidente aéreo no mês passado, que forçou o o país a antecipar a votação para o segundo cargo mais importante do país, depois do líder supremo Ali Khamenei, que atua como chefe de Estado com amplos poderes.

O pleito, que era esperado apenas para o próximo ano, ocorre em um momento crítico para o país, que enfrenta tensões internas, como a incerteza na sucessão de Ali Khamenei, o líder supremo, além de uma crise externa envolvendo a guerra de Israel contra o Hamas, da qual Teerã faz parte indiretamente, e uma crescente pressão internacional sobre seu programa nuclear.

Outras questões que têm marcado o período eleitoral e provocado a apatia da população são a má situação econômica e a repressão social.

As eleições presidenciais desta sexta são rigidamente controladas por Khamenei, que colocou seus aliados linha-dura à frente da corrida pelo cargo.

Segundo informações da agência Reuters, a iminente sucessão do antiocidental líder supremo é a principal preocupação da elite clerical do Irã.

O Conselho dos Guardiães, um órgão de clérigos e juristas alinhados ao aiatolá, aprovou cinco candidatos da linha-dura e um candidato moderado de perfil discreto de um grupo inicial de 80.

Os candidatos de maior destaque entre os linha-dura estão Mohammad Baqer Qalibaf, presidente do Parlamento e ex-chefe da Guarda Revolucionária do Irã, e Saeed Jalili, ex-negociador nuclear do país.

No governo de Teerã, o papel da presidência é limitado, sendo o líder supremo o verdadeiro chefe de Estado e a máxima autoridade política e religiosa do país.

A constituição iraniana coloca o presidente como a segunda maior autoridade. Diferente do líder supremo, cuja posição é vitalícia, o mandato presidencial dura quatro anos.

Suas funções giram em torno da chefia do Poder Executivo. Seus poderes são limitados pelos clérigos e conservadores na estrutura de poder do Irã e pela autoridade máximo, neste caso Ali Khamenei.

Fica a cargo da presidência gerir o governo interno e as relações exteriores do país.

Dois candidatos anunciaram a desistência de concorrer ao pleito nesta quinta-feira (27). O prefeito de Teerã, Alireza Zakani, e o Ministério do Interior mais cedo que Amir Hossein Ghazizadeh Hashemi também desistiu da campanha.

As sondagens locais apontam para um possível segundo turno dentro de uma semana, uma vez que todas indicam que nenhum candidato obterá 50% dos votos necessários.

Os candidatos de destaque

O ex-general da Guarda Revolucionária, ex-chefe de polícia, ex-prefeito de Teerã e presidente do Parlamento, Qalibaf, enfatizou sua experiência executiva e prometeu um Irã "orgulhoso", bem como um novo acordo nuclear com o Ocidente, embora com nuances.

Aos 62 anos, ele tem apelo entre os jovens não ideologizados, ou seja, aqueles não interessados no islamismo, que dão mais importância às questões econômicas, e é lembrado em Teerã como um "bom prefeito".

No espectro mais fundamentalista, seu rival é Saeed Jalili, ex-negociador nuclear do país que, aos 58 anos, é visto como um produto da Revolução Islâmica e se opõe ao Ocidente.

No outro extremo do espectro está o cirurgião cardíaco Pezeshkian, ex-ministro da Saúde, que vem ganhando peso durante a campanha eleitoral com uma mensagem de aproximação com o Ocidente e críticas ao uso do véu pelas mulheres.

Pezeshkian recebeu o apoio dos ex-presidentes Mohammed Khatami e Hassan Rohani do bloco reformista - que busca uma certa abertura do país - depois que um moderado não foi autorizado a participar das eleições presidenciais de 2021, e pertence à minoria azeri do país, o que poderia ajudá-lo.

Os analistas acreditam que um alto comparecimento - de mais de 60% nas urnas -poderia aumentar as chances de Pezeshkian.

Apatia cresce entre eleitores

O ceticismo e a apatia do eleitorado reinam em meio a uma economia sobrecarregada por uma inflação de 40%, uma moeda desvalorizada e uma taxa de 20% de desemprego entre os jovens.

Soma-se a isso a questão das liberdades sociais, especialmente o véu islâmico, um tema quente desde a morte da jovem Mahsa Amini em 2022, depois que foi presa por não usar o véu corretamente, o que provocou fortes protestos contra as autoridades.

A grande maioria dos jovens entrevistados pela Agência EFE disse que não votaria para evitar participar de um sistema político no qual não acredita, destacando o abismo entre os clérigos governantes do país e parte de sua população.

Essa apatia entre os 61 milhões de eleitores é motivo de preocupação para a República Islâmica, que atribui grande importância à participação nas eleições como sinal de sua legitimidade e apoio popular.

As eleições parlamentares de março registraram o menor comparecimento nos 45 anos da República Islâmica, quando apenas 41% do eleitorado foi às urnas, comparado com 48% que votaram na eleição presidencial de 2021.

Por isso, Khamenei pediu aos iranianos que votem nas eleições para "derrotar o inimigo" e eleger um presidente que acredite nos princípios da Revolução Islâmica de 1979. 

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