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O establishment conservador do Irã parece ter reagido friamente a um apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para permitir que a iraniana Sakineh Ashtiani, acusada de adultério em seu país, obtenha asilo no Brasil e não seja morta por apedrejamento.

Embora nenhuma autoridade iraniana tenha comentado a oferta brasileira, a Jahan News, serviço de notícias ultraconservador do Irã, considerada uma agência que reflete fielmente o pensamento do governo, informou, no domingo, que o apelo de Lula era uma "clara interferência nos assuntos domésticos do Irã". Ainda segundo a agência, a oferta brasileira foi feita "sob influência da mídia estrangeira".

A reação ao apelo feito no fim de semana pelo presidente Lula pode criar uma distensão na relação cada vez mais cordial entre Irã e Brasil. O caso pode também reforçar o que os críticos do regime iraniano encaram como uma forma primitiva de justiça, particularmente repulsiva quando se trata de mulheres. Sakineh, de 43 anos, pode não ser apedrejada porque o Judiciário iraniano ainda está examinando a sentença proferida por um tribunal de primeira instância. De acordo com a Jahan News, em vez disso, ela seria enforcada.

Sakineh foi acusada de ter uma "relação ilícita" com dois homens. Ela negou as acusações. O caso da iraniana chamou a atenção do mundo para a reputação do Irã com relação aos direitos humanos. O país é um dos poucos que aplicam a pena capital para casos de adultério.

No início, Lula havia rejeitado os pedidos de grupos de defesa dos direitos humanos para usar sua influência com o Irã e tentar impedir a execução de Sakineh. No entanto, ele mudou de ideia no fim de semana, durante uma viagem de campanha ao lado de sua candidata, Dilma Rousseff. "Se minha amizade e afeição pelo presidente do Irã são importantes e se essa mulher está causando problemas lá, nós a acolheremos aqui no Brasil", disse.

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