Além da desaprovação, Barack Obama enfrenta agora também a descrença dos americanos. Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (3) aponta que apenas 37% dos eleitores acreditam na reeleição do presidente, cuja reprovação, como anunciado em setembro, superou pela primeira vez a marca de 50%.
Segundo a sondagem realizada pelo jornal "Washington Post" e a rede "ABC", 55% dos americanos acreditam num triunfo republicano em novembro de 2012. Entre apenas os eleitores republicanos, a confiança na vitória chega a 83%, mesmo sem terem ainda um candidato definido. A cifra é ainda mais alta se considerados apenas os partidários do movimento conservador Tea Party: 91%.
Entre os democratas, a confiança na reeleição de Obama cresce, mas fica ainda longe na comparação com os republicanos: menos de 60% dos eleitores do partido dizem creer na vitória no ano que vem.
A pesquisa foi feita entre 29 de setembro e 2 de outubro, e os resultados têm margem de erro de 4% - para mais e para menos.
Presidente pensa em mudar estratégia
Ciente de que a missão em 2012 não será fácil, Obama já começa a pensar em alternativas. Com um apoio bem menor entre a classe operária do que entre os eleitores mais ricos, o presidente está planejando uma rota alternativa para sua reeleição caso não consiga vencer em Ohio e outros estados industriais tradicionalmente essenciais para as vitórias democratas presidenciais.
Obama está brigando, sem conseguir ganhar terreno, pelos estados do sul e de Rocky Mountain - alguns dos quais ele venceu em 2008 - na tentativa de reunir os 270 votos eleitorais necessários. Ele quer provar que estas vitórias em antigos territórios republicanos não foram acasos, mas o início de uma tendência que tornará os democratas competitivos por anos nestas localidades.
"Existem muitas maneiras de conseguirmos os 270, e não apenas pelo mapa tradicional", afirmou David Axelrod, chefe da estratégia de campanha de Obama. "É por isso que estamos lançando bases por todo o país para competir no campo mais amplo possível no ano que vem".
Embora os índices de popularidade de Obama tenham atingido o pior patamar a medida que a taxa de desemprego permanece alta, democratas têm sido encorajados por mudanças demográficas em antigos estados republicanos como o Colorado - onde democratas ganharam uma acirrada disputa para o Senado em 2010 -, Virgínia e Carolina do Norte.
Com o crescimento nas cidades e subúrbios, tem aumentado também o número de eleitores escolarizados, com maior renda, jovens, hispânicos e negros, muitos deles contrários à agenda do radical Tea Party.
"O maior desafio (para os republicanos) é que eles têm que lidar com o que eu chamaria de eleitorado de Obama. E o eleitorado de Obama é um eleitorado que não vemos na América desde que comecei a trabalhar em campanhas presidenciais nos anos 80", afirmou Tad Devine, estrategista das campanhas presidenciais de Al Gore e John Kerry.
Virgínia, Carolina do Norte e Colorado: estados-chave
Apesar disso, Devine e outros democratas não esperam uma disputa fácil. "Não será uma corrida triunfal com quase 54% dos votos e 365 votos eleitorais (como em 2008). Vai ser um trabalho duro, como os que fizemos em 2000 e 2004. A única diferença é que Obama tem agora lugares para ir que não visitaríamos antes. Não podíamos ter a Carolina do Norte como alvo quando o adversário de Kerry (o ex-senador John Edward) era da Carolina do Norte".
Virgínia, Carolina do Norte e Colorado juntos têm mais do que o dobro de votos eleitorais de Ohio - 37 contra 18. E os conselheiros de Obama afirmam que os mesmos fatores demográficos em jogo nesses estados também estão presentes em estados em que Obama perdeu em 2008 - como Arizona e Geórgia.
Exceto por Indiana, analistas democratas dizem que o presidente será favorecido ou competitivo em todos os lugares onde venceu, incluindo Ohio. Mas pesquisas evidenciam que ele terá uma tarefa difícil no cinturão industrial, onde os níveis de renda e educação estão abaixo da média nacional, comparando com estados como Colorado e Virgínia.
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