Presidente chinês President Xi Jinping.| Foto: Bigstock
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O governo americano está insistindo para que a China seja mais transparente com as investigações sobre a origem do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19. O apelo mais recente veio do secretário de Estado americano, Antony Blinken, que nesta sexta-feira (11) pediu maior cooperação ao governo comunista em um telefonema com Yang Jiechi, chefe das Relações Exteriores do Partido Comunista da China (PCCh).

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O chefe da diplomacia americana "destacou a importância da cooperação e da transparência sobre a origem do vírus", incluindo a necessidade de um novo estudo feito especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China.

Os esforços dos Estados Unidos por uma nova investigação receberão o apoio da União Europeia, que, segundo um esboço de uma declaração obtido pela agência Bloomberg, também pedirá “avanços em um estudo de fase 2 transparente, baseado em evidências e liderado por especialistas da OMS sobre as origens da Covid-19, que seja livre de interferência".

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“É extremamente importante que saibamos a origem da Covid-19 para garantir que isso não volte a acontecer", destacou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, na mesma coletiva. "Há uma grande variedade de opções diferentes que estão sendo investigadas agora e é importante que tenhamos precisão para ter uma fotografia única do início da pandemia. Por isso, as equipes de investigação precisam de um acesso real às informações", acrescentou Von der Leyen.

As declarações públicas ocorrem em um momento em que, internamente, Biden instruiu as agências de inteligência norte-americanas a intensificarem as investigações sobre a origem do coronavírus na China. Um relatório deve ser apresentado ao presidente americano nos próximos meses.

A viagem de cientistas à China no começo deste ano foi amplamente criticada pela influência das autoridades chinesas — que receberam direito de veto sobre quais cientistas poderiam participar da missão — e pela falta de acesso dos pesquisadores a dados considerados essenciais para a investigação. O relatório decorrente desta visita sugeriu que a hipótese mais provável para o surgimento da Covid-19 foi a transmissão do vírus aos humanos por meio de um animal intermediário desconhecido. Não convenceu e foi condenado por 14 países.

Mas apesar da pressão internacional, a China não está nada inclinada a aceitar uma nova investigação — independente e transparente, como pedem as potências ocidentais. Primeiro porque muito desse esforço internacional surgiu em um momento em que cientistas renomados e autoridades ocidentais passaram a considerar como provável a teoria do vazamento laboratorial para explicar o surgimento da doença. A China nega categoricamente essa hipótese e faz questão de salientar na imprensa estatal que o relatório da OMS rejeitou o que o PCCh vê como “teoria da conspiração”.

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A China também nega que os pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan teriam ficado doentes em novembro de 2019, com sintomas semelhantes aos da Covid-19, conforme informou um relatório de inteligência do governo americano. Para Yuan Zhiming, diretor do Laboratório Nacional de Biossegurança de Wuhan, trata-se de “uma mentira descarada que surgiu do nada”.

Outro ponto que indica que a China não deve cooperar com uma nova investigação: desde o ano passado, autoridades e a imprensa estatal chinesa têm promovido teorias de que o coronavírus sequer surgiu na China, apesar de o surto inicial da Covid-19 ter ocorrido na cidade de Wuhan. Desde sugestões de que o Sars-Cov-2 teria sido criado em um misterioso laboratório americano que supostamente estaria desenvolvendo armas biológicas, até estudos de pesquisadores chineses que concluíram que o vírus teria chegado ao país por meio de alimentos congelados.

A hipótese de que o coronavírus teria infectado um humano pela primeira vez a partir do contato com um animal vendido no mercado de frutos do mar de Wuhan foi varrida para debaixo do tapete pelas autoridades de saúde chinesas.

De acordo com o jornal estatal chinês Global Times, cientistas do país sugeriram que “se os cientistas da OMS não puderem encontrar a resposta na China sobre as origens do coronavírus, talvez esteja na hora de eles procurarem em outro lugar e testar mais hipóteses para resolver o mistério”.

Também não há qualquer pressão interna para que o governo chinês abra suas portas para investigadores independentes. Embora muitos chineses possam ver esse gesto como um sinal de que o governo de seu país não tem nada a esconder, uma reversão nas posições marcadas até agora poderia ser considerada por outros tantos como uma submissão à pressão dos Estados Unidos, um sinal de fraqueza em um momento em que as relações entre as duas maiores economias do mundo vai de mal a pior.

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