De jihadistas no Iraque e separatistas pró-Rússia na Ucrânia a decapitações de norte-americanos na Síria, um mundo em crise tem aumentado a percepção de esgotamento do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e contribuiu para que os republicanos saíssem vitoriosos das eleições legislativas e estaduais dos EUA.
Mas a queda na confiança pública em Obama e a conquista do Congresso dos EUA pelo Partido Republicano vai apenas complicar, e não prejudicar seriamente, a política externa norte-americana que lida com guerras no Oriente Médio e no leste europeu e com uma postura mais agressiva da China na Ásia.
Republicanos chegaram à vitória com um impulso da visão de que a Casa Branca de Obama está sempre afogada em crises. Vídeos de militantes mascarados do Estado Islâmico avançando na Síria ou de equipes médicas em trajes de proteção para combater o Ebola apareceram ininterruptamente em transmissões de TV, afetando as campanhas do Partido Democrata nas eleições de terça-feira (5).
Os oponentes de Obama agora detém maior poder no Capitólio, ainda faltando dois anos para o fim do mandato do presidente democrata. Mas ele ainda possui amplos poderes constitucionais para conduzir a política externa e pode decidir focar mais sua atenção no exterior, como fizeram presidentes anteriores no fim do segundo mandato, caso o Congresso contenha suas ambições internas.
Queira ele ter uma presença mais marcante no exterior ou não, Obama terá uma longa lista de desafios consideráveis pela frente. "O mundo vê um patinho feio com sua autoridade colocada em xeque", disse Aaron David Miller, um ex-conselheiro para o Oriente Médio que trabalhou com governos republicanos e democratas.
"Será a percepção de um presidente reduzido que terá dificuldade em navegar nas já turbulentas águas de Washington." Os republicanos há tempos acusam Obama de enfraquecer a liderança global dos EUA, ao fracassar em agir com mais firmeza frente às crises mundiais. Obama e seus assessores rebateram críticos, dizendo que eles estão promovendo ações militares imprudentes.
Ao tomarem o controle do Senado e aumentarem a maioria na Câmara dos Deputados, os republicanos estarão em uma posição mais forte para pressionar por uma linha mais dura nas conversas entre potências mundiais e o Irã, a fim de conter o programa nuclear iraniano e evitar que o país tenha uma bomba atômica - uma ambição que Teerã nega.
Com um prazo de 24 de novembro para que seja fechado um acordo completo, os republicanos temem que Obama faça muitas concessões para aliviar as sanções que tem prejudicado a economia iraniana. Ele pode suspender algumas sanções, mas precisaria de apoio do Congresso para acabar permanentemente com as medidas punitivas.
Um acordo com o Irã após décadas de confronto com os EUA seria um grande impulso para o legado internacional de Obama, que até agora não marcou grandes triunfos. Outra fonte de contínuo desgaste será a forma que Obama vai lidar na batalha contra o Estado Islâmico, também conhecido como Eiil, grupo rebelde islâmico sunita que tomou grandes faixas territoriais na Síria e no Iraque.
Muitos republicanos insistem que o objetivo de Obama de "degradar e destruir" o Eiil fracassará a menos que ele vá além da atual campanha de bombardeio aéreo e assistência limitada para rebeldes sírios moderados.
Há quem exija uma reversão na recusa de Obama de enviar mais forças norte-americanas para o Iraque, uma reflexão de sua relutância em utilizar o poderio militar dos EUA em grande escala, especialmente no volátil Oriente Médio.
"Parece ser fisicamente impossível parar o Eiil sem soldados em terra", disse o senador republicano por Utah Mike Lee, membro do Comitê de Forças Armadas do Senado.
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