As famílias de brasileiros na Faixa de Gaza não têm intenção de voltar para o Brasil, apesar da violência que toma conta do território palestino, informou à BBC Brasil a subchefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, Rosimar Suzano. Neste sábado, um ataque aéreo israelense matou mais um líderes do braço armado do Hamas, Abu Zakaria al-Jamal. Desde o início da ação militar, as forças israelenses já atacaram mais de 500 alvos do Hamas em Gaza. Mais de 400 pessoas foram mortas, 25% delas civis, segundo fontes das Nações Unidas.

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Os brasileiros em Gaza são dois homens e uma mulher, todos com cônjuges palestinos, e vivem no campo de refugiados de Jabaliya.

Eles estão se sentindo relativamente seguros e até agora não manifestaram a vontade de voltar para o Brasil - disse à BBC Rosimar Suzano, que mantém contato diário com as três famílias por telefone.

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Na sexta-feira, o governo israelense começou a permitir que estrangeiros deixassem Gaza, que vem sendo alvo de ataques há oito dias. Estima-se que mais de 300 pessoas tenham passado pelo posto de fronteira de Erez nas últimas 24 horas.

Mas o caso dos brasileiros é mais complicado, explica.

"Os nossos brasileiros em Gaza são também palestinos. Então qualquer movimentação deles para fora do território envolveria negociações com as autoridades de Gaza, de Israel, e do país para onde eles forem", explicou. "Isto complica o quadro", acrescentou.

A diplomata disse que em um caso extremo os brasileiros poderiam argumentar ter dupla nacionalidade para tentar sair de Gaza, mas que, por enquanto, a situação deles "continua como está".

Israel afirma que a ação militar em Gaza tem o objetivo de interromper ataques com foguetes palestinos, que mataram quatro israelenses desde sábado.

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Em pronunciamento por rádio neste sábado, o presidente dos EUA, George W. Bush, classificou os ataques de foguetes do Hamas contra Israel como "atos de terror". O governo dos EUA quer um cessar-fogo com monitoramento internacional que garanta que o grupo islâmico não se rearme.

"Outro cessar-fogo unilateral que leve a ataques contra Israel não é aceitável. Promessas do Hamas não serão o bastante; precisamos de mecanismos de monitoramento para garantir que o contrabando de armas para grupos terroristas em Gaza tenha um fim", declarou.

Os EUA exigem que o Hamas, que Israel acusa de contrabandear armas através de túneis na fronteira com o Egito, dê o primeiro passo parando com os ataques a Israel.

"A recente violência foi instigada pelo Hamas, um grupo palestino terrorista apoiado pelo Irã e pela Síria e que quer a destruição de Israel", disse Bush.

Em Damasco o líder do Hamas Khaled Meshaal fez um pronunciamento desafiador a uma emissora de televisão.

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"Nós estamos preparados para o desafio. Essa guerra nos foi imposta e estamos confiantes na vitória pois fizemos nossos preparativos", disse Meshaal.

Na Faixa de Gaza 1,5 milhão de palestinos não conseguem escapar do conflito. Os moradores enfrentam bombas, mísseis, falta de luz e fazem filas para conseguir pão em ruas cobertas de escombros. Dez palestinos foram mortos na sexta-feira em mais de 30 ataques aéreos israelenses. Sete eram civis, sendo cinco crianças, dizem médicos locais.

Bush e a secretária de Estado Condoleezza Rice vem se engajando em conversar telefônicas com líderes do Oriente Médio e da Europa na última semana, entre eles o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas.

Na sexta-feira a Casa Branca disse que Israel deve decidir por si próprio se vai invadir por terra a Faixa de Gaza, mas nesse caso é preciso evitar baixas civis e garantir a passagem de bens humanitários. em seu pronunciamento Bush expressou preocupação com a situação humanitária em Gaza e disse que os EUA ofereceram US$ 85 milhões para ajudar a população local.

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Analistas acreditam que o Hamas tenha em torno de 25 mil combatentes. Eles vêm mantendo vigilância na fronteira com Israel, observando a movimentação do exército do outro lado e enviando mensagens em hebraico ao inimigo afirmando que não estão com medo.

Meshaal pediu aos povos árabes que enviem ajuda e equipes médicas. Ele disse que nações árabes e européias entraram em contato com o Hamas para discutir o fim dos combates, mas não informou quais foram esses países. Israel tem permitido que cerca de 90 caminhões com alimentos e remédios entrem na Faixa de Gaza por dia, afirmando que seu inimigo é o Hamas, e não o povo palestino.