Facções islâmicas armadas colocaram seus homens em alerta nesta sexta-feira (19) em Gaza após o fim de uma trégua de seis meses com Israel, e alertaram ao Estado judeu que não ataque o território palestino. Mas, tirando a retórica, a calma prevaleceu.
Palestinos com máscaras realizaram exercícios em frente a câmeras de televisão nas horas que sucederam o fim do cessar-fogo, quebrado unilateralmente pelo grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Civis dos dois lados pareciam não se importar com o fim da trégua, que para muitos na região nunca aliviou realmente o bloqueio de Israel e que é visto por israelenses como ineficaz em garantir a segurança esperada em relação aos ataques palestinos.
A trégua, na verdade, perdeu força desde o começo de novembro, com operações de Israel contra militantes e com o lançamento de mísseis de Gaza para Israel, a maior parte sem causar grandes danos.
Fontes militares de Israel reportaram um incidente pequeno durante a manhã, quando trabalhadores de um kibutz perto da fronteira com Gaza foram alvo de disparos. Ninguém ficou ferido e não houve reação. Dois mísseis palestinos explodiram sem causar danos em Israel.
Militantes islâmicos armados e com máscaras fizeram pronunciamentos na televisão antes da oração muçulmana de sexta-feira, alertando que haverá um banho de sangue se Israel atacar o território.
"Agora seremos o destino dos inimigos de Deus, os judeus. Nós seremos os soldados da nossa nação. Não fecharemos o olho para guardar nossas fronteiras e o inimigo não encontrará uma passagem para dentro da nossa querida Faixa de Gaza", disse um membro do braço armado do Hamas Izz el-Deen al-Qassam.
"Se eles entrarem em Gaza, aqui será o cemitério deles, um grande cemitério para os invasores", disse a homens armados uniformizados com rifles Ak-47, em uma fazenda de Gaza perto da fronteira com Israel.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, deixou claro na última semana que não planeja organizar nenhuma grande operação em Gaza, a não ser que haja uma grande provocação, e que preferia uma ampliação do cessar-fogo.
Alguns dos 1,5 milhão de habitantes de Gaza, que por causa da fronteira fechada com Israel dependem de suprimentos vindos por túneis ilegais desde o Egito, acreditam que a trégua tenha sido uma mentira.
"Com ou sem trégua, é tudo igual. A trégua não era tão boa, é tudo igual", disse Talal al-Assal. "Os judeus não abriram as fronteiras também. Se não fosse pelos túneis, não haveria nem compra nem venda."
Na cidade de Sderot, sul de Israel e alvo constante dos mísseis de Gaza, as pessoas estavam em alerta, mas não muito mais do que em qualquer outro dia do último mês.
As pessoas na área dizem que não houve de fato uma trégua, e que hoje não está diferente de ontem.
"Claro que estamos preocupados, mas não há nada que possamos fazer. A vida precisa continuar", disse Shimon Maman, morador de Sderot. Outro disse que o fim do cessar-fogo com o Hamas não significa nada.
O Hamas e outros grupos militantes em Gaza disseram que suas forças passaram por treinamento durante a trégua de seis meses e estão preparadas para qualquer tipo de escalada militar contra as forças de Israel.
"A calma acabou", disse o membro do Hamas Ayman Taha na quinta-feira, "porque o inimigo não cumpriu com sua obrigação" de pôr fim ao bloqueio de Gaza e interromper todos os ataques.
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