Um guarda de segurança iraquiano fica em frente a um enorme outdoor com retratos do Papa Francisco e do Grande Aiatolá Ali Sistani (R) no centro de Bagdá em 4 de março de 2021, na véspera da primeira visita do pontífice ao Iraque. – O Papa Francisco começa sua viagem histórica ao Iraque, desafiando as preocupações de segurança e a pandemia do coronavírus para confortar uma das comunidades cristãs mais antigas e perseguidas do mundo.| Foto: AHMAD AL-RUBAYE / AFP
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O Papa Francisco deve chegar ao Iraque nesta sexta-feira (5). Essa é a primeira vez que um papa visita o país do Oriente Médio, famoso pelas grandes reservas de petróleo.

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O sumo pontífice busca levar esperança e chamar a atenção mundial ao estado do país como um todo, mas sobretudo à sofrida e minoritária comunidade cristã, ferida por várias guerras na história recente.

A população cristã do Iraque caiu em mais de 80% nas últimas duas décadas. O censo iraquiano de 1987 informava que havia 1,4 milhão de cristãos no Iraque, hoje estima-se que a população de cristãos seja inferior a 250 mil.

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Quem são os cristãos do Iraque?

A Fundação Pontifícia AIS (Ajuda à Igreja que Sofre) preparou recentemente um relatório que dá uma ideia do que o Papa Francisco encontrá no país.

A presença cristã no Oriente Médio varia bastante de país para país. Há desde países como o Líbano, cuja população de cristão representa 20% do país, até o próprio Iraque, que não chega a 1%.

A maioria esmagadora do país é muçulmano, que estão divididos em: xiitas árabes (58-63%), sunitas curdos (15-20%) e sunitas árabes (17%), o restante da população é composto de diversas minorias entre os quais os cristãos.

Os cristãos iraquianos vivem basicamente em 3 locais: na capital Bagdá, no sul na cidade de Basra, e nas províncias do Norte, onde se situam muitas cidades e aldeias cristãs.

Os cristãos são esmagadoramente descendentes dos habitantes originais do Império Assírio. A denominação mais amplamente seguida no Iraque é a Igreja Católica Caldeia, no entanto, outras comunidades de rito Sírio desempenham um papel importante.

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A guerra

Os três anos de guerra contra o Estado Islâmico deixou um terrível legado ao país. Os dados apontam para 138 mil casas danificadas, sendo que metade delas foram completamente destruídas. Além disso cerca de 2,1 milhões de casas foram abandonadas.

Hoje há cerca de 4,1 milhões de pessoas passando necessidades básicas, um número expressivo para uma população total de 38,4 milhões. Cerca de 1,66 milhão de iraquianos foram obrigados a migrar, a maior parte deles do norte do país. Só na província de Nínive, entre 348.877 e 591.354 de pessoas tiveram de deixar suas casas, muitos deles após a invasão em 6 de agosto de 2014 pelo Estado Islâmico.

Na ocasião, os cristãos tinham três escolhas: a) conversão ao Islã, b) morte pela espada no caso do não pagamento da jizyah (imposto per capita para os não-muçulmanos), c) fugir.

A província de Nínive também sofreu enormes perdas em edifícios religiosos, de acordo com o relatório da AIS, 363 edifícios religiosos, incluindo 46 igrejas ou capelas foram danificadas ou destruídas com explosões ou incêndios. Também mais de 14 mil casas de cristãos foram destruídas ou danificadas.

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Com o fim da guerra, a igreja local luta para repatriar os migrantes e reconstruir os edifícios religiosos. Contudo, a instabilidade política e a falta de segurança da região dificultam o recomeço das famílias.

Na capital Bagdá, um ataque suicida duplo deixou ao menos 28 mortos no início deste ano. A ação terrorista de homens-bomba continua a ameaçar a vida dos iraquianos e faz surgir certo temor pela viagem do sumo pontífice.

A visita do Papa

Antes realizar sua viagem, o Papa Francisco gravou uma mensagem de paz, fraternidade e conforto aos iraquianos, que foi divulgada no Vatican News: “Venho como um peregrino, como um peregrino penitente para implorar o perdão e a reconciliação do Senhor após anos de guerra e terrorismo, para pedir a Deus a consolação dos corações e a cura das feridas”.

O sumo pontífice também relembrou “as imagens das casas destruídas e das igrejas profanadas” que muitas comunidades cristãs iraquianas ainda têm em mente, rezou para que os muitos mártires que conheceram “nos ajudem a perseverar na humilde força do amor” e expressou-lhes “o carinho afetuoso de toda a Igreja, que está perto deles e do martirizado Oriente Médio”.

O papa também relembrou da passagem em que a província de Nínive é citada no Velho Testamento: “De você, Nínive, ressoou a profecia de Jonas, que evitou a destruição e trouxe uma nova esperança, a esperança de Deus”, afirmou Francisco antes de invocar a benção de Deus a todos e encerrar a transmissão.

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O Papa Francisco também seguiu sua tradição de longa data, na véspera de viagens ao exterior, e viajou por Roma na tarde de quinta-feira para a Basílica de Santa Maria Maior.

Ele fez uma pausa para rezar diante do antigo ícone romano Maria Salus Populi Romani. Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, o Papa confiou a sua próxima visita ao Iraque à proteção de Nossa Senhora.

O papa deve sair de Roma nesta sexta-feira (4) pela manhã para a sua 33.ª viagem apostólica ao estrangeiro.

Os cristãos iraquianos percebem que grande parte dos governos da Europa ocidental esqueceram-se dos cristãos após a guerra, embora reconheçam que os governos de Polônia, Hungria e Estados Unidos ajudaram com dinheiro na recuperação dos locais cristãos mais afetados pela guerra.

O Papa vai ficar no país do dia 5 a 8 de março com o intuito de ajudar os cristãos iraquianos a se curar de muitos anos de sofrimento; é pouco tempo, mas certamente chamará a atenção do público para a dolorosa situação do país.

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