Maputo - O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse ontem que o apoio do presidente dos EUA, Barack Obama, à Índia para que o país passe a integrar o Conselho de Segurança (CS) da ONU não atrapalha a pretensão do Brasil de ter assento permanente no órgão.
Em Moçambique, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita oficial, o chanceler argumentou que os dois países não brigam pela mesma vaga no CS.
Ele disse acreditar que, se de fato houver reforma do conselho, todos os continentes terão que estar representados.
Segundo o chanceler, é certo que, nesse cenário de mudanças, o Brasil tem presença garantida.
"[O apoio dos EUA] afeta positivamente porque mostra que [o presidente americano Barack] Obama está com a cabeça aberta para a entrada de outros países'', afirmou Amorim.
A declaração de Obama, para o chanceler, coloca a reforma "na ordem do dia''.
No dia anterior, ao chegar em Maputo, Lula havia dito que os EUA são "apenas uma voz'' de um total de cinco membros permanentes do CS, e que o Brasil conta com o apoio de França, Reino Unido e China para integrar o órgão.
China
A China afirmou que "entende e apoia'' um protagonismo maior do país vizinho dentro da ONU.
"A China valoriza o papel da Índia em temas internacionais e entende e apoia o desejo do país em ter uma participação maior nas Nações Unidas'', disse Hong Lei, porta-voz da Chancelaria chinesa, em coletiva.
Segundo Hong, a China "apoia uma reforma razoável e necessária do CS e manterá prioridade para dar mais representação aos países em desenvolvimento'' no organismo.
O porta-voz afirmou ainda que a China deseja manter contatos e negociar com outros membros da ONU, incluindo a Índia, uma reforma do seu CS.
A China, que mantém uma disputa territorial com a Índia, é um dos cinco membros permanentes do CS da ONU, junto com EUA, Reino Unido, França e Rússia.
Por sua vez, a Índia é parte do G4, junto com Alemanha, Japão e Brasil, países que fazem campanha diplomática para serem incluídos como membros permanentes do conselho.
Os dois países mais populosos do mundo têm uma fronteira tensa, em meio a arrastadas negociações bilaterais para demarcar território. Em 1962, a disputa chegou a provocar uma curta guerra.
Além disso, a Índia vê na China um aliado militar do Paquistão, seu principal adversário histórico e crítico da entrada indiana no CS.
Por outro lado, Índia e China fazem parte do chamado Bric, fórum dos principais países emergentes que inclui ainda Brasil e Rússia.
Ontem, em visita a Nova Déli, Obama disse que os Estados Unidos apoiam a entrada da Índia no CS, em meio a uma série de ações diplomáticas de Washington para se aproximar de países asiáticos que poderiam contrabalançar a crescente influência chinesa na região.