Em uma noite quente e úmida há 15 anos, Bill Clinton vestiu um sombrero, ignorou sua apreensiva equipe de segurança presidencial e dançando alegremente passou por entre a multidão animada no Central Plaza de Cartagena, um edifício do século 16 na graciosa cidade do caribe colombiano.
Críticos dos dois países alertam para impunidade a crimes de guerrilheiros
Nos EUA e na Colômbia, nem todos estão contentes com os planos do presidente Juan Manuel Santos, especialmente sobre o acordo com as Farc. O acordo, negociado em Cuba nos últimos dois anos, tem assinatura agendada para 23 de março.
Alguns republicanos têm questionado o que veem como impunidade para os líderes guerrilheiros responsáveis por anos de atrocidades contra os direitos humanos, sequestros e profundo envolvimento com o tráfico de drogas. Entre democratas e organizações de direitos humanos, há a mesma preocupação: que o acordo ofereça impunidade para os militares e paramilitares que cometeram atrocidades nos 50 anos de guerrilha.
Partes do acordo já concluídas determinam que acusados de atrocidades e outros atos ilegais que estejam além dos limites do aceitável em táticas de guerra sejam julgados por um tribunal especial de paz, que pode sentenciá-los a até oito anos de “condições especiais”, que não incluem encarceramento. Ainda a serem negociados estão acordos sobre o desarmamento e a desmobilização do que se acredita serem cerca de seis mil guerrilheiros.
Liderando uma delegação parlamentar que incluía o presidente da Câmara à época, o republicano J. Dennis Hastert, e Joe Biden, então o democrata há mais tempo no Comitê de Relações Internacionais do Senado, Clinton tinha acabado de formalizar um acordo para fornecer 1,3 bilhão de dólares em ajuda à Colômbia. Era a primeira contribuição de uma iniciativa para estancar o fluxo de cocaína colombiana para os Estados Unidos (EUA).
Três governos e 10 bilhões de dólares depois, o “Plano Colômbia” é amplamente reconhecido como um dos mais bem sucedidos programas de assistência internacional norte-americana na história.
Conforme se transformava em um programa de contraterrorismo – e passava a incluir desenvolvimento da democracia e acordos comerciais – permaneceu uma das poucas grandes iniciativas de política externa em décadas a conservar forte apoio bipartidário.
Hoje, a Colômbia está prestes a assinar um histórico acordo de paz com guerrilheiros de esquerda que porá fim a meio século de guerra civil. Apesar da queda no preço do petróleo, seu maior produto de exportação, a economia colombiana é uma das mais sólidas na América Latina, e o país é um destino importante para investimentos globais. Um país que já esteve na iminência de se tornar um estado falido fez avanços significativos em praticamente todos os indicadores de desenvolvimento.
A única coisa que não mudou foi a posição da Colômbia como o maior país exportador de cocaína. Depois de diminuírem por vários anos seguidos, tanto o cultivo de coca quanto a produção da droga têm aumentado drasticamente ao longo dos últimos três anos.
Presidente colombiano vai pedir mais verba a Obama
Tráfico de drogas está na pauta desta quinta-feira (11), quando o presidente Barack Obama se encontrará na Casa Branca com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Mas, em sua maior parte, a visita será uma celebração, marcando o 15.º aniversário do “Plano Colômbia”.
Para Obama, é uma adição à sua lista de recentes vitórias em política externa, ao lado do acordo nuclear com o Irã, acordos de promoção do comércio e a abertura diplomática de Cuba, conforme se aproxima o fim de sua presidência. Apesar de não tê-lo iniciado, Obama tem nutrido o programa e trabalhado pela sua continuidade.
“Vim aqui para agradecer o povo americano e o governo americano” por terem ajudado a Colômbia “a atravessar um período difícil”, disse Santos na quarta (10). Ele também pediu mais ajuda para consolidar ganhos e assegurar a paz que se aproxima.
A Casa Branca informou nesta semana que sua solicitação de orçamento para 2017 incluirá um aumento do auxílio à Colômbia em relação aos cerca de 300 milhões de dólares previstos para 2016. “Essa solicitação demonstrará nossa intenção de ajudar a Colômbia a implementar com sucesso seu acordo de paz”, disse Mark Feierstein, diretor-sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental do Conselho Nacional de Segurança.
Apesar de as autoridades americanas não terem fornecido uma estimativa, Santos está buscando um acréscimo de ao menos 200 milhões de dólares, com possibilidade de aumento pelos próximos anos. Entre os itens mais custosos de sua pauta estão um programa de desenvolvimento agrário para direcionar cultivadores de coca a outras culturas, e para reassentar mais de seis milhões de colombianos que foram deslocados pela guerra. O governo ainda espera expandir a área de cobertura da segurança pública e de outros serviços para regiões do interior do país onde sua presença tem sido marginal.
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