Os violentos distúrbios do fim de semana avançaram pela segunda-feira em Karachi, maior cidade do Paquistão, apesar dos esforços das autoridades para conter distúrbios étnicos e religiosos que mataram 17 pessoas desde domingo, elevando para cerca de 200 o total de vítimas fatais só no mês de julho - um dos mais letais em cerca de duas décadas.
A violência ocorre principalmente em bairros habitados por membros da etnia pashtun e por muhajirs (descendentes de refugiados falantes do idioma urdu vindos da Índia, e radicados em Karachi desde a partição do sul da Ásia em 1947).
Há anos partidos políticos usam gangues de rua numa guerra pelo controle de Karachi, cidade responsável por 68 por cento da arrecadação tributária do Paquistão, e onde ficam o maior porto, a Bolsa e o Banco Central do país.
"Não há dúvida de que a violência é política e etnicamente motivada, então a solução também precisa ser política", disse uma fonte policial de alto escalão, pedindo anonimato. "Já vimos uma iniciativa de paz do governo e também dos partidos políticos. Mas acho que os envolvidos precisam ser mais sinceros em seus esforços para restaurar a paz."
Outras fontes oficiais disseram que não há uma razão clara para a nova onda de violência, que teve início no começo de julho no bairro de Orangi, na zona oeste, quando cerca de cem pessoas foram mortas em apenas três dias.
Na semana passada, tropas paramilitares assumiram o comando do bairro, mas a violência desde então se espalhou para outros lugares da cidade, que tem mais de 18 milhões de habitantes.
Um recente relatório da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão disse que 1.138 pessoas foram mortas em Karachi nos seis primeiros meses de 2011, sendo 490 vítimas da violência política, étnica e sectária. Em outra nota, divulgada na segunda-feira, a entidade defendeu uma solução política para o conflito.
"Karachi está dominada por uma multifacetada onda de polarização política, étnica e sectária, impulsionada pela insegurança, que abala fortemente a tradição de tolerância e boa vizinhança", diz o texto.
"Embora quadrilhas de ocupantes de terrenos e máfias tentem explorar o colapso da lei e da ordem, elas não parecem ser os principais diretores do horrível jogo de morte e destruição; tal distinção pertence a grupos políticos mais poderosos, e são eles que detêm a chave da paz."