Caracas - Um grupo de estudantes venezuelanos encerrou ontem 23 dias de greve de fome após negociar acordo com o governo Hugo Chávez para discutir a situação legal de 27 pessoas que consideram presos políticos.
"Estamos felizes com a notícia, mas seguiremos em vigília permanente", disse Roderick Navarro, um dos acampados diante da Embaixada do Brasil em Caracas.
O local central do protesto foi a sede da OEA (Organização dos Estados Americanos), na capital. Mas a ação foi agregando adeptos -no total foram 83 grevistas- que se espalharam por embaixadas e outras nove cidades do país.
"Como o governo sinalizou respostas a respeito de todas as nossas exigências, nós damos mostras dos nossos compromissos, disse Lorent Saleh, porta-voz dos estudantes, na sede da OEA.
Segundo Saleh, o governo Chávez aceitou iniciar os trâmites para libertar 7 dos 27 "presos políticos. Um dos beneficiados será o deputado da oposição Biagio Pilieri.
Amanhã, estudantes, familiares do grupo de detidos e uma comissão liderada pelo ministro do Interior, Tareck El Aissami, começarão a discutir os demais casos.
Além da libertação dos presos, os estudantes pediam a revisão da situação carcerária e a visita de uma comissão da OEA ao país. De acordo com os estudantes, a presença da OEA é um dos pontos que segue em negociação com o governo.
No lado governista, a tônica ontem foi comemorar o fim da greve de fome como um fruto do chamado ao diálogo feito por Chávez. Momentos antes do acordo, porém, o cenário era ainda de tensão. Um grupo de militantes chavistas, munidos de espetos e pedaços de carne, ameaçou fazer um churrasco diante dos grevistas na sede da OEA. Houve um pequeno tumulto.