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Após 4 anos, Fukushima ainda é tabu

Fukushima, 4 anos depois: 71 mil pessoas ainda estão longe de suas casas por causa do acidente de 2011 | Kimimasa Mayama/EFE
Fukushima, 4 anos depois: 71 mil pessoas ainda estão longe de suas casas por causa do acidente de 2011 (Foto: Kimimasa Mayama/EFE)

No centro de prevenção de desastres do Corpo de Bombeiros de Tóquio, a visita começa com um documentário de cerca de 30 minutos. Na sucessão de imagens de ondas arrasando cidades durante o terremoto-tsunami de 2011, nenhuma palavra sobre o acidente nuclear na usina de Fukushima.

Governo compra áreas para armazenar terra radioativa Os visitantes são convidados a conhecer uma sala que simula um terremoto, uma câmara que reproduz um tufão e como escapar de uma casa tomada pelo fogo. Novamente, nada sobre emergências nucleares.

“Seguimos a orientação do Corpo de Bombeiros de Tóquio”, afirma o guia, ao ser questionado sobre a ausência. “E a cidade não tem usinas nucleares, portanto, não é necessário.”

A história recente mostra que não é assim. Em 2012, o governo japonês admitiu que, nos dias em que o vazamento na usina de Fukushima esteve fora de controle, cogitou ordenar a retirada de milhões de pessoas, incluindo da região metropolitana de Tóquio.

A visita foi parte de um tour com 16 jornalistas estrangeiros, organizado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão em áreas reconstruídas (Kobe) ou em recuperação (nordeste do Japão) após desastres naturais. Fukushima, palco do nuclear de março de 2011, ficou fora do roteiro.

“Há uma intimidação ao estilo japonês sobre o tema da energia nuclear”, afirma o americano R. Taggart Murphy, professor de negócios da Universidade de Tsukuba, em Tóquio. “Não é o que se vê na China, de pessoas presas por criticar o governo. Mas é uma atmosfera de medo e autocensura.”

Segundo Murphy, a pressão contra o debate sobre Fukushima faz parte do projeto do premiê Shinzo Abepara reutilizar algumas das usinas nucleares, desligadas desde 2011. O governo planeja acionar algumas ainda em junho.

Trata-se de um dilema para o Japão, que aumentou a importação de combustíveis fósseis para substituir a energia nuclear. Limpar Fukushima, porém, também é caro, além de incerto. Cerca de 71 mil pessoas ainda vivem em abrigos temporários. A limpeza da região levará ao menos mais 30 anos, a um custo de US$ 411,6 bilhões, segundo cálculo do Centro Japonês para Pesquisa Econômica.

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