No centro de prevenção de desastres do Corpo de Bombeiros de Tóquio, a visita começa com um documentário de cerca de 30 minutos. Na sucessão de imagens de ondas arrasando cidades durante o terremoto-tsunami de 2011, nenhuma palavra sobre o acidente nuclear na usina de Fukushima.
Governo compra áreas para armazenar terra radioativa
- tóquio
O governo do Japão informou ontem que adquiriu terrenos próximos à usina de Fukushima para armazenar terra contaminada com material radioativo emitido pela central durante o acidente nuclear de 2011.
Os terrenos ficam em uma área de 16 quilômetros quadrados em Okuma, onde fica a usina, e Futaba.
Muitos dos 2,4 mil proprietários da área se negam a vender suas terras, pois não acreditam que o armazenamento será temporário, como assegurou o governo.
O tsunami e o terremoto que devastaram o nordeste do Japão em 11 de março de 2011 provocaram na usina de Fukushima o pior acidente nuclear desde Chernobyl (Ucrânia), em 1986. As emissões e vazamentos radioativos mantêm deslocadas milhares de pessoas que viviam junto à usina e afetaram a pesca, a agricultura e a pecuária local.
Governo compra áreas para armazenar terra radioativa Os visitantes são convidados a conhecer uma sala que simula um terremoto, uma câmara que reproduz um tufão e como escapar de uma casa tomada pelo fogo. Novamente, nada sobre emergências nucleares.
US$ 411 bilhões
É o valor estimado para a limpeza da região de Fukushima, no Japão, palco do acidente nuclear de março de 2011. Segundo o Centro Japonês para Pesquisa Econômica, o trabalhou deve levar mais 30 anos.
“Seguimos a orientação do Corpo de Bombeiros de Tóquio”, afirma o guia, ao ser questionado sobre a ausência. “E a cidade não tem usinas nucleares, portanto, não é necessário.”
A história recente mostra que não é assim. Em 2012, o governo japonês admitiu que, nos dias em que o vazamento na usina de Fukushima esteve fora de controle, cogitou ordenar a retirada de milhões de pessoas, incluindo da região metropolitana de Tóquio.
A visita foi parte de um tour com 16 jornalistas estrangeiros, organizado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão em áreas reconstruídas (Kobe) ou em recuperação (nordeste do Japão) após desastres naturais. Fukushima, palco do nuclear de março de 2011, ficou fora do roteiro.
“Há uma intimidação ao estilo japonês sobre o tema da energia nuclear”, afirma o americano R. Taggart Murphy, professor de negócios da Universidade de Tsukuba, em Tóquio. “Não é o que se vê na China, de pessoas presas por criticar o governo. Mas é uma atmosfera de medo e autocensura.”
Segundo Murphy, a pressão contra o debate sobre Fukushima faz parte do projeto do premiê Shinzo Abepara reutilizar algumas das usinas nucleares, desligadas desde 2011. O governo planeja acionar algumas ainda em junho.
Trata-se de um dilema para o Japão, que aumentou a importação de combustíveis fósseis para substituir a energia nuclear. Limpar Fukushima, porém, também é caro, além de incerto. Cerca de 71 mil pessoas ainda vivem em abrigos temporários. A limpeza da região levará ao menos mais 30 anos, a um custo de US$ 411,6 bilhões, segundo cálculo do Centro Japonês para Pesquisa Econômica.
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