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Majdah al-Fallah (no cartaz à esquerda) e Hannan Bachir (no 2º cartaz), candidatas do Partido da Justiça e Construção: presença feminina nas eleições líbias | Zohra Bensemra/Reuters
Majdah al-Fallah (no cartaz à esquerda) e Hannan Bachir (no 2º cartaz), candidatas do Partido da Justiça e Construção: presença feminina nas eleições líbias| Foto: Zohra Bensemra/Reuters

Candidatas

Mulheres buscam espaço no novo cenário político da Líbia

Reduzidas à categoria de cidadãs de segunda classe durante a era do ditador Muamar Kadafi, e após exercer um papel ativo durante a revolução que acabou com o antigo regime, as mulheres líbias buscam agora seu espaço na nova vida política do país. Longe de se resignarem a perderem os poucos direitos recuperados após a manifestação popular de 17 de fevereiro, várias mulheres decidiram concorrer às eleições de hoje. Dos 3.707 candidatos que tiveram registro aceito para ocupar as 200 cadeiras do Conselho Geral Nacional (CGN), 629 são mulheres, segundo Mohammed Abu Sbiha, porta-voz da Comissão Suprema Eleitoral.

Alguns anúncios nos meios de comunicação, como na emissora de televisão líbia Al Ahrar, buscam conscientizar a população a apoiar a participação da mulher na sociedade, como um que mostra líbios de diferentes camadas sociais repetindo: "Sem a mulher, a Líbia não pode ter paz social".

620 dos 4.013 candidatos nas eleições para a Assembleia Constituinte da Líbia são mulheres.

Instabilidade

Protestos políticos no leste do país prejudicam produção de petróleo

Reuters

A produção de petróleo da Líbia diminuiu em cerca de 300 mil barris diários por causa de protestos realizados por grupos que exigem maior autonomia para o leste da Líbia e que bloquearam as operações em alguns terminais, na véspera de eleições nacionais.

Os protestos, combinados com outros fatores relacionados à armazenagem e ao mercado, derrubaram a produção líbia dos habituais 1,6 milhão de barris por dia para cerca de 1,3 milhão. A produção vinha aumentando continuadamente desde o final da guerra civil que depôs o regime de Muamar Kadafi, no ano passado.

O presidente da estatal petroleira local NOC, Nuri Berruien, disse que os protestos políticos impedem a remessa de petróleo a partir de terminais no leste, como o de Al Sidra e na região de Ras Lanuf.

O executivo aifmrou que os protestos começaram a atrapalhar o setor petrolífero na noite de quinta-feira.

"Para a segurança dos equipamentos e das pessoas que lá trabalham, decidiu-se minimizar as exportações dos terminais de Sidra e Ras Lanuf", disse o vice-ministro do petróleo, Omar Shakmak. Segundo ele, a produção está em 1,35 milhão de barris por dia.

Pela primeira vez depois de quase 40 anos da ditadura de Muamar Kadafi – morto durante a revolução contra seu regime em 2011 –, os líbios irão às urnas hoje para eleger a Assembleia Constituinte da qual sairá um novo governo e uma nova Constituição para o país.

A votação, prevista inicialmente para 19 de junho, segundo o calendário do CNT, foi adiada por razões técnicas e logísticas. Num total de 6 milhões de habitantes, 2,7 milhões de líbios estão inscritos nas listas eleitorais.

Embora mais de 4 mil can­­didatos individuais ou ins­­critos nas listas de movi­­mentos políticos tenham se apresentado, a comissão eleitoral só declarou elegíveis 2.501 independentes e 1.206 de grupos políticos.

O país está dividido em 72 circunscrições. Em algumas regiões os eleitores precisam eleger um partido político e um candidato individual, e em outras, apenas um dos dois.

Os assentos são divididos entre candidatos independentes (120) e movimentos políticos (80), uma maneira de evitar, segundo as autoridades, que apenas um partido político domine a futura Assembleia Constituinte.

Essa divisão não impede, no entanto, que alguns partidos apoiem candidatos individuais, o que poderia levar os islamitas ao poder na Líbia, como já aconteceu na Tunísia e no Egito, dois países que também viveram a onda de protestos da chamada "Primavera Árabe".

Partidos

Durante a campanha elei­­toral, que terminou na quinta-feira, três partidos se destacaram. Dois deles são islamitas: o Partido da Justiça e da Construção (PJC), um braço da Irmandade Mu­­çulmana, e o Al-Watan, do­­ polêmico ex-chefe militar­­ de Trípoli Abdelhakim Belhaj. O terceiro grupo político de destaque é o dos liberais, reunidos em uma coalizão lançada por Mahmud Jibril, o ex-primeiro-ministro do CNT durante a revolta contra Kadhafi.

A repartição geográfica dos assentos da assembleia foi muito discutida, sobretudo no leste do país, onde os partidários do federalismo pediam mais deputados. O Conselho Nacional de Transição decidiu finalmente distribuir assentos de acordo com considerações demográficas, de modo que 100 serão eleitos no oeste do país, onde há o maior número de habitantes. O leste da Líbia terá 60 assentos e o sul desértico, 40.

O CNT também decidiu­­ sob pressão que o sistema­­ de votação da futura Assembleia Constituinte seja por maioria de dois terços, de modo que o oeste do país não possa tomar uma decisão sem a aprovação das ou­­tras regiões.

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