O primeiro embaixador dos Estados Unidos na Síria desde 2005 chegou a Damasco neste domingo (15), num momento de agitação regional e com a relação entre os dois países ainda abalada pela desconfiança mútua. Poucos observadores esperam mudanças imediatas, mas ter o diplomata de carreira Robert Ford em Damasco permite a Washington uma visão melhor sobre a Síria em meio às tensões - especialmente no Líbano, país vizinho onde o governo pró-Ocidente caiu na semana passada.
O professor norte-americano especialista na Síria Joshua Landis avalia que "o compartilhamento de inteligência é a mais promissora superposição nas relações entre Estados Unidos e Síria". Ele observou que, como Washington, o regime secular da Síria é contrário à organização terrorista Al Qaeda e a islâmicos "takfiri" (referindo-se à ideologia que alerta os muçulmanos sunitas a matar qualquer um que considerem um infiel).
A administração do presidente Barack Obama argumentou que a volta de um embaixador a Damasco ajudaria a persuadir a Síria sobre mudanças em suas políticas no que diz respeito ao Líbano, a Israel e ao Iraque, e sobre o fim do apoio a grupos extremistas. A Síria é definida pelo Departamento de Estado norte-americano como "um patrocinador estatal do terrorismo".
Robert Ford assume o cargo alguns dias depois da queda do governo do Líbano, provocada quando o Hezbollah, que recebe apoio da Síria e do Irã, saiu do gabinete na quarta-feira com a renúncia de 11 ministros. O governo caiu depois de meses de tensões decorrentes de uma investigação das Nações Unidas sobre o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri. Muitos acusaram a Síria e o Hezbollah.
A administração do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, retirou o embaixador da Síria em 2005, em parte como uma forma de protesto ao assassinato de Hariri. Tanto a Síria quanto o Hezbollah negam qualquer ligação com a morte de Hariri.
Com a chegada de Ford a Damasco, a Síria pode se beneficiar de laços melhores com os Estados Unidos, o que poderia impulsionar sua economia e dar fim a sanções impostas pelo governo Bush.