O ex-presidente Alberto Fujimori chegou ao Peru neste sábado, pela primeira vez desde que seu governo de 10 anos terminou em desgraça em 2000, para enfrentar acusações de abuso dos direitos humanos e desvio de dinheiro público no país andino.
A TV estatal peruana mostrou imagens da aterrissagem do avião da polícia que levava Fujimori na cidade de Tacna, onde a aeronave foi reabastecida e depois partiu em direção à capital Lima.
Fujimori chegou ao Peru um dia após a Corte Suprema do Chile autorizar sua extradição. Ele estava no Chile desde novembro de 2005, quando foi detido devido a um mandado internacional, por permitir execuções extrajudiciais.
"Eu estou feliz e satisfeita. Após tanto desespero por tanto tempo, nós não lutamos em vão", disse Gisela Ortiz, cujo irmão foi assassinado em 1992 por um esquadrão da morte do governo de Fujimori.
A corte chilena aceitou, por unanimidade, as evidências de dois famosos massacres - conhecidos como Barrios Altos e La Cantuta - no início dos anos 90, quando o Peru estava em guerra com o movimento rebelde maoísta Sendero Luminoso.
Estudantes, um professor e uma criança estavam entre as dezenas de mortos nos massacres, que teriam sido promovidos pelos esquadrões da morte do governo, segundo promotores peruanos. Naquela época, o governo alegou que as vítimas eram simpatizantes dos rebeldes.
Após a decisão da corte chilena, Fujimori, de 69 anos, disse a uma rádio peruana que havia cometido "grandes" erros enquanto estava no governo, mas se fosse julgado iria provar que agiu adequadamente.
SEGURANÇA
Em Lima, o governo pediu aos peruanos para que o julgamento de Fujimori, uma figura polêmica no país, não se torne "um motivo de divisão."
A parlamentar Keiko, filha de Fujimori, pediu ao governo para impedir um "circo" em torno do julgamento e afirmou temer pela vida de seu pai.
"Nós temos planos meticulosos de segurança para respeitar os direitos humanos dele", afirmou o ministro do Interior, Luis Alva. "Nós queremos que as pessoas fiquem calmas, porque a polícia está fazendo seu trabalho."
A opinião dos peruanos está dividida quanto ao legado de Fujimori quase sete anos após sua queda, e tanto opositores como simpatizantes promovem manifestações desde sexta-feira.
Para alguns peruanos, ele é o homem que teve coragem de enfrentar o Sendero Luminoso e enviar tropas à embaixada do Japão em Lima, em 1997, para acabar com um sequestro que durou quatro meses.
Ele também recebe crédito por ter contido a hiperinflação, o que primeiramente prejudicou os pobres, estabilizando a economia e cortando impostos para tornar produtos importados mais acessíveis.
Outros o vêem como um déspota corrupto que desviou dinheiro público para si e seus amigos enquanto colocava escutas telefônicas em seus opositores políticos.
Fujimori deixou o cargo nos primeiros meses de seu terceiro mandato, quando o governo entrou em colapso devido a um grande escândalo de corrupção. Ele enviou sua renúncia por fax do Japão.
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