Santiago Em um julgamento histórico, a Corte Suprema do Chile aprovou ontem a extradição do ex-presidente peruano Alberto Fujimori, de 69 anos, por acusações de abusos contra os direitos humanos e cinco de corrupção.
O governo do Chile previa transladar ontem mesmo o ex-presidente, de Santiago para a base aérea Chacalluta, na cidade chilena de Arica, fronteira com o Peru, onde seria entregue a agentes da Interpol peruana.
Após saber da decisão da Corte Suprema a primeira desse tipo na América Latina Fujimori admitiu que não estava surpreso e assegurou que mostrará durante o julgamento no Peru que atuou corretamente durante seu governo, entre 1990 e 2000.
Fujimori declarou à rádio peruana RPP que esperava ser extraditado por quatro casos e não pelos sete aprovados pela Justiça do Chile. Mas disse ter certeza de poder enfrentar esses processos e sair bem-sucedido. "Estou preparado física e mentalmente para enfrentar esta situação", acrescentou à tevê CNN. No entanto, o ex-presidente reconheceu que ocorreram "falhas garrafais" durante seu governo.
Milhares de simpatizantes de Fujimori o consideram um herói por acabar com a guerrilha Sendero Luminoso, mas os críticos o acusam de ter matado milhares de opositores políticos e de ter enriquecido durante a década em que esteve no poder.
A presidente chilena, Michelle Bachelet, telefonou para seu colega peruano, Alan García, para informá-lo que a extradição seria cumprida o quanto antes. Lima prometeu um julgamento justo para o ex-presidente. O chefe da Procuradoria Anticorrupção, Carlos Briceño, disse que o julgamento deve durar três ou quatro meses. Fujimori pode ser condenado a penas que variam de 10 a 30 anos de prisão, mas pode ser beneficiado com prisão domiciliar se for condenado depois de julho, quando cumprirá 70 anos.