Familiares de vítimas reagem

Lima – Os familiares das vítimas de Barríos Altos e La Cantuta, dois dos casos emblemáticos pelos quais Alberto Fujimori irá ao banco dos réus no Peru, e organismos de defesa dos direitos humanos esperam que o ex-presidente peruano seja julgado com respeito e tenha direito a plena defesa.

"Para o Peru significa que um ex-presidente, cujo governo dirigiu o país como se fosse uma operação da máfia, finalmente retornará ao seu país para enfrentar a Justiça," disse Daniel Wilkinson, porta-voz da organização Human Rights Watch em Lima.

"Como familiares, estamos muito contentes, satisfeitos por essa decisão da Justiça chilena de extraditar Fujimori, acreditamos que esta é uma vitória da luta dos familiares," disse Gisela Ortiz, irmã de Enrique Ortiz, uma das vítimas de La Cantuta.

Enrique Ortiz, de 21 anos, foi uma das dez pessoas detidas dentro da universidade La Cantuta por um grupo militar em julho de 1992, como suposto integrante de um grupo guerrilheiro. O corpo de Enrique foi encontrado em 1993 junto aos restos carbonizados das outras pessoas, na periferia de Lima.

Além de La Cantuta, ocorreu o massacre de Barrios Altos, no qual foram mortas 15 pessoas a tiros por um grupo paramilitar. Todas eram suspeitas de pertencer a um grupo guerrilheiro.

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Santiago – Em um julgamento histórico, a Corte Suprema do Chile aprovou ontem a extradição do ex-presidente peruano Alberto Fujimori, de 69 anos, por acusações de abusos contra os direitos humanos e cinco de corrupção.

O governo do Chile previa transladar ontem mesmo o ex-presidente, de Santiago para a base aérea Chacalluta, na cidade chilena de Arica, fronteira com o Peru, onde seria entregue a agentes da Interpol peruana.

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Após saber da decisão da Corte Suprema – a primeira desse tipo na América Latina – Fujimori admitiu que não estava surpreso e assegurou que mostrará durante o julgamento no Peru que atuou corretamente durante seu governo, entre 1990 e 2000.

Fujimori declarou à rádio peruana RPP que esperava ser extraditado por quatro casos e não pelos sete aprovados pela Justiça do Chile. Mas disse ter certeza de poder enfrentar esses processos e sair bem-sucedido. "Estou preparado física e mentalmente para enfrentar esta situação", acrescentou à tevê CNN. No entanto, o ex-presidente reconheceu que ocorreram "falhas garrafais" durante seu governo.

Milhares de simpatizantes de Fujimori o consideram um herói por acabar com a guerrilha Sendero Luminoso, mas os críticos o acusam de ter matado milhares de opositores políticos e de ter enriquecido durante a década em que esteve no poder.

A presidente chilena, Michelle Bachelet, telefonou para seu colega peruano, Alan García, para informá-lo que a extradição seria cumprida o quanto antes. Lima prometeu um julgamento justo para o ex-presidente. O chefe da Procuradoria Anticorrupção, Carlos Briceño, disse que o julgamento deve durar três ou quatro meses. Fujimori pode ser condenado a penas que variam de 10 a 30 anos de prisão, mas pode ser beneficiado com prisão domiciliar se for condenado depois de julho, quando cumprirá 70 anos.