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| Foto: FADEL SENNA/AFP

O premiê do Iraque, Haider al-Abadi, proclamou neste domingo (9) a vitória das suas Forças Armadas em Mossul, a segunda maior cidade iraquiana e que era considerada o último grande reduto do Estado Islâmico (EI) no país. Comunicado do gabinete do primeiro-ministro informou que Al-Abadi “chegou à cidade libertada [de Mossul] e felicitou os combatentes heroicos e o povo iraquiano pela importante vitória”. Apesar da vitória, a população estava desolada. O sentido da libertação para eles só virá mesmo com a reconstrução da cidade.

O EI encontrava-se enfraquecido em Mossul devido aos avanços do Exército do Iraque. A operação de retomada da cidade começou em outubro de 2016 e teve apoio essencial de coalização internacional liderada pelos EUA. Nos últimos dias, militares iraquianos vinham afirmando que uma vitória contra o Estado Islâmico na região era iminente. Extremistas do grupo, por outro lado, prometiam “lutar até a morte”.

“O Estado fictício deles caiu”, disse o brigadeiro-general Yahya Rasul, porta-voz do Exército, no fim do junho.

Ao destruírem a emblemática mesquita Al Nuri, no centro de Mossul, também em junho, os extremistas sinalizaram que já davam a batalha como perdida. O EI, no entanto, negou ser responsável pela ação e culpou bombardeio dos EUA pela derrubada.

Encurralados em uma área cada vez menor, os militantes recorreram à estratégia de enviar mulheres-bomba entre os milhares de civis que estão saindo do campo de batalhas feridos e malnutridos.

Nos últimos dias, extremistas ainda presentes em Mossul foram cercados em uma área reduzida da Cidade Velha, ao longo do rio Tigre, mas as ruas estreitas e densamente povoadas dificultaram as ações da coalizão.

Em maio, aviões despejaram milhares de folhetos sobre a cidade pedindo que a população abandonasse as casas e fosse aos campos de refugiados devido à iminência de combates.

A ordem para os últimos ataques ao EI em Mossul foi dada em uma reunião nos últimos dias no quartel-geral da Polícia Federal de Mossul, quando o primeiro-ministro pediu a eliminação dos “últimos derrotados” e a limpeza de minas e explosivos.

Mas os combates continuavam. Disparos de artilharia e ataques aéreos eram ouvidos na cidade na hora em que o gabinete do premiê comunicava a retomada de Mossul.

AHMAD AL-RUBAYE/AFP

O EI ainda controla as cidades de Tal Afar (50 km a oeste de Mossul) e Hawija (300 km ao norte de Bagdá) , além de zonas desérticas da província de Al-Anbar (oeste) e a região de Al-Qaïm, na fronteira com a Síria.

Crise Humanitária

Neste sábado (8), soldados do Exército do Iraque já festejavam entre os destroços às margens do rio Tigre, sem esperar uma declaração formal de vitória, alguns dançando ao som da música que tocava em um caminhão e outros atirando para o alto. A festa foi seguida pelo anúncio do comando das operações no Iraque de que “30 terroristas” foram mortos quando tentavam escapar pelo rio Tigre.

Mas o clima estava menos festivo entre um milhão de habitantes de Mossul, que se deslocaram por meses de combates, muitos dos quais vivendo em acampamentos fora da cidade, com pouca proteção do calor do verão.

“Se não houver reconstruções, e as pessoas não voltarem para suas casas e recuperarem seus pertences, qual o significado da libertação?”, declarou o vendedor Mohammed Haji Ahmed, 43, à agência de notícias Reuters.

AHMAD AL-RUBAYE/AFP

Por causa dos bombardeios aéreos, grande parte da cidade foi reduzida a escombros, o que agravou a crise humanitária no país.

Há quase três anos, líderes do grupo extremista declararam, de Mossul, um “califado” juntando partes do Iraque e da Síria. Mas, além sofrer sucessivas derrotas no Iraque, o EI é também alvo de ofensiva em Raqqa, sua autoproclamada capital na Síria.

A perda progressiva de territórios enfraquece a milícia, reduzindo a capacidade de obter recursos financeiros e de recrutar combatentes.

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