O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, fala com a imprensa no Departamento de Estado, 20 de maio de 2020| Foto: NICHOLAS KAMM / POOL / AFP
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Após acusações de retaliação política, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, negou nesta quarta-feira (20) ter pedido ao presidente americano, Donald Trump, que demitisse o inspetor-geral do Departamento de Estado por causa de investigações sobre a sua conduta.

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O chefe da diplomacia americana reconhece que recomendou a demissão do fiscalizador ao presidente Trump. "O presidente tem o direito de escolher quem ele quer que seja o inspetor-geral em cada agência do governo federal. Nesse caso, eu recomendei ao presidente que [Steve] Linick fosse demitido", disse o secretário em coletiva de imprensa no Departamento de Estado na tarde de quarta-feira.

"Eu deveria ter feito isso já há algum tempo", completou Pompeo, que não deu mais detalhes sobre o motivo de sua insatisfação com o inspetor.

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O presidente americano Donald Trump notificou o Congresso na noite de sexta-feira (15) sobre sua decisão de demitir o inspetor-geral do Departamento de Estado, Steve Linick, que foi nomeado em 2013, durante o governo de Barack Obama. Trump justificou a decisão dizendo apenas que tinha perdido a confiança no inspetor-geral.

No sábado, líderes democratas no Congresso anunciaram a abertura de uma investigação sobre a decisão de Trump de demitir Linick. A oposição suspeita que a demissão tenha sido uma retaliação ao fato de Linick ter aberto um inquérito para apurar se Pompeo estaria usando a estrutura do órgão para interesses pessoais.

"O fato de Linick ter sido demitido no meio de uma investigação desse tipo sugere fortemente que esse é um ato ilegal de retaliação", disse o deputado democrata Eliot Engel, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA.

Pompeo negou que tivesse qualquer conhecimento sobre investigações em andamento comandadas por Linick e disse na entrevista coletiva que as acusações de retaliação políticas são "claramente falsas". Em entrevista ao Washington Post na segunda-feira, Pompeo disse que o inspetor-geral foi demitido porque estava "minando" a missão do Departamento de Estado.

Um funcionário do congresso americano disse à Foreign Policy que a investigação era sobre o "uso indevido de um nomeado político do Departamento para tarefas pessoais" de Pompeo e sua esposa, incluindo passear com o cachorro da família e buscar roupas na lavanderia.

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Linick também estaria investigando um contrato de vendas de armas fechado pelo governo Trump com a Arábia Saudita no valor de US$ 8 bilhões, mesmo com a objeção de democratas e republicanos no Congresso.

O inspetor será substituído interinamente por um funcionário nomeado do Departamento de Estado que é próximo do vice-presidente americano, Mike Pence.

Esse foi o quarto inspetor-geral demitido por Trump em quatro semanas, o que levantou suspeitas entre a oposição de que as demissões tivessem motivações políticas.

No começo de abril, Trump demitiu o inspetor-geral da comunidade de inteligência dos EUA, que recebeu a denúncia de um informante que deu início ao processo de impeachment do presidente americano, sob a acusação de pressão ao governo ucraniano para investigar o democrata Joe Biden.

Também em abril, Trump demitiu o inspetor-geral do Departamento de Defesa. Em seguida, o presidente americano removeu do cargo a inspetora-geral do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, que havia divulgado um relatório que afirmava que os EUA estavam pouco preparados para enfrentar a pandemia de coronavírus.

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A função dos inspetores-gerais é a de supervisionar os gastos do Departamento de Estado e de detectar desvios de conduta nos órgãos de governo.

Congressistas criticaram os desligamentos, dizendo que a decisão de demitir inspetores-gerais exige justificativas detalhadas.

Até mesmo parlamentares republicanos exigiram mais explicações acerca dos desligamentos, noticiaram a CBS e outros meios. O senador Mitt Romney disse que a recente sequência de demissões de fiscalizadores do governo era "inédita" e disse que "fazer isso sem um bom motivo diminui a independência essencial para suas funções". A senadora Susan Collins disse que Trump não ofereceu justificativa adequada para a demissão de Linick, como é exigido por lei.