Vários vencedores do prêmio Nobel da Paz ameaçaram boicotar uma conferência na África do Sul após o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama, ter tido seu visto negado no país.
Ele deveria acompanhar os vencedores do Nobel da Paz Desmond Tutu, Martti Ahtisaari e FW de Klerk, e também o Comitê do Nobel da Paz, da Noruega, em conferência marcada para o dia 27 de março.
"Se o Dalai Lama não vier, eu não irei... Estou muito frustrado", disse Tutu à Reuters.
O jornal sul-africano "Sunday Independent" disse que o visto do Dalai Lama foi negado devido à pressão do governo chinês. Autoridades diplomáticas não foram encontradas para comentar.
A China é uma das maiores investidoras na África e importante parceira comercial.
O porta-voz do governo, Thabo Masebe, disse que a presença do Dalai Lama na África do Sul não era de interesse do país neste momento.
A conferência deve usar o futebol como uma arma na luta contra a xenofobia e o racismo, a um ano da Copa do Mundo 2010.
"A atenção do mundo sobre nós é em relação a sediarmos a Copa do Mundo no ano que vem e queremos que isso continue... A presença do Dalai Lama traria outras questões sob atenção", disse Masebe à Reuters.
A África do Sul se auto define como um modelo de democracia e de direitos humanos desde o fim do apartheid em 1994.
O Dalai Lama fugiu do Tibete em 1959 e criou um governo tibetano no seu exílio na Índia após uma revolta mal sucedida contra o controle chinês.
O líder espiritual foi convidado para participar da conferência por Tutu, De Klerk e o ex-presidente Nelson Mandela.
O Comitê Nobel norueguês, que entrega anualmente o prêmio em Oslo, criticou a decisão sul-africana.
"É impossível que façamos parte um evento no qual um dos principais participantes não pode entrar no país", disse Geir Lundestad, secretário do Comitê.