O prédio do Ministério da Justiça da Ucrânia foi desocupado nesta segunda-feira (27) pelos manifestantes que o haviam ocupado na noite de domingo (26). A saída ocorreu após a titular da pasta, Olena Lukash, ameaçar a pedir ao governo que decretasse estado de emergência.
Lukash é uma das principais negociadoras de um acordo com os opositores, que pedem a saída do presidente Viktor Yanukovich, a retomada das negociações para a adesão à União Europeia e o fim de uma lei que limita as manifestações. Uma das medidas criminalizadas pelo governo é a ocupação de prédios estatais.
Os cerca de 50 manifestantes, em sua maioria mascarados, saíram do ministério durante à tarde. Na noite de ontem, eles haviam entrado no prédio sem resistência e montaram barricadas com sacos de areia e lixo, que foram cobertos pela neve.
A ocupação foi feita mesmo com a reprovação das lideranças dos protestos. Horas após a invasão, o campeão mundial de boxe, Vilaty Klitschko, fracassou ao pedir a saída dos manifestantes. Pela manhã, a ministra da Justiça ameaçou a pedir uma reunião do Conselho de Segurança para avaliar um estado de emergência.
Para ela, a invasão atrapalha o trabalho dos funcionários do ministério. Desde a radicalização dos protestos, no dia 19, quatro prédios estatais foram ocupados em Kiev. No momento, dois deles permanecem com manifestantes o Ministério de Política Agrária e a sede do governo da capital.
Pelo menos três manifestantes morreram e mais de 500 ficaram feridos nos últimos oito dias. Outros 70 foram detidos. Os atos contra o governo e as ocupações de prédios também atingiram cidades do interior do país, em especial no oeste ucraniano, com maior presença da oposição.
Negociação
Em nota divulgada hoje, a oposição ucraniana afirmou estar disposta a continuar a negociar com o presidente Viktor Yanukovich, mas advertiu que a paciência dos manifestantes tem limite. No sábado, o chefe de Estado ofereceu a chefia de governo à oposição.
A situação na praça da Independência é tranquila hoje. Mais cedo, o Ministério do Interior publicou uma nota em que acusou os manifestantes de terem grandes quantidades de uma substância incendiária parecida ao napalm. O agente químico é uma espécie de gel que aumenta as queimaduras provocadas pelo fogo.
As autoridades afirmam que os opositores estão usando uma mistura de gasolina com substâncias adesivas, como espuma sintética. Na mesma nota, o ministério anunciou que passará a usar novas armas contra os protestos, dentre elas bombas de gás lacrimogêneo mais potentes.