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Em discurso emocionado, presidente anunciou que será operado mais uma vez contra o câncer | Miraflores Palace/Reuters
Em discurso emocionado, presidente anunciou que será operado mais uma vez contra o câncer| Foto: Miraflores Palace/Reuters

Risco

Cirurgia ameaça projeto bolivariano no país

Rodolfo Stancki

O anúncio de que o presidente Hugo Chávez vai fazer uma nova cirurgia contra o câncer pode significar um novo golpe no projeto bolivariano na Venezuela. Após a oposição crescer nas últimas eleições, um possível vazio deixado pelo presidente pode ser fatal para a esquerda populista.

"O atual governo da Venezuela é muito focado na imagem de Chávez, por isso sua morte ou incapacidade de governar, coloca seu projeto para o país em perigo", comenta a professora Ludimila Culpi, do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Uninter.

A professora explica que a unidade do Mercosul, bloco em que a Venezuela acabou de entrar, também poderia estar ameaçada. "Não sabemos se um [possível] governo de oposição pode estar alinhado aos demais países do grupo", diz.

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Oposição diz ter opção caso presidente renuncie na Venezuela

Folhapress

O principal grupo de oposição da Venezuela anunciou hoje que possui opções dentro de seus quadros caso Hugo Chávez deixe a Presidência por causa do tratamento contra um câncer na região pélvica, que enfrenta desde 2011.

Os rumores de que o mandatário deixará o poder aumentaram após um discurso na noite de sábado em que Chávez anunciou a terceira cirurgia contra o câncer

Em entrevista à emissora Globovisión, o secretário-executivo da Mesa de Unidade Democrática, Ramón Guillermo Aveledo, disse que a oposição pode oferecer uma alternativa ao projeto bolivariano impulsionado por Chávez.

"Isso não nos pegou de surpresa. Existe um processo unitário que foi capaz de fazer coisas muito difíceis e que será capaz de apresentar uma alternativa a ser oferecida a todos os venezuelanos", disse.

Ele também pediu aos governistas um pouco mais de responsabilidade ao comentar sobre a piora do estado de saúde de Chávez, em referência ao presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Mais cedo, ele pediu cuidado aos opositores.

"Nós somos pessoas muito responsáveis, pessoas sérias. Todos temos que querer o melhor para a Venezuela".

Após o pleito de outubro, em que o opositor Henrique Capriles conseguiu 44% dos votos contra Chávez, a oposição ganhou força no país, o que pode dificultar uma vitória do oficialismo em caso de nova eleição.

"Em um cenário em que sejamos obrigados a fazer uma nova eleição presidencial, vocês devem escolher Nicolás Maduro."

Hugo Chávez, presidente da Venezuela.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comentou pela primeira vez sobre o futuro do país sem ele no comando, no discurso em que anunciou a sua terceira cirurgia para combater um câncer. A declaração aumentou os rumores sobre sua saúde e a sucessão presidencial no país.

Após 14 anos no poder e dois meses depois de ter recebido um novo mandato de seis anos em eleições, Chávez afirmou que o ex-chanceler e atual vice-presidente, Nicolás Maduro, será sua escolha para sucedê-lo caso ele falte.

"Ele é um completo revolucionário, um homem de grande experiência, apesar da juventude, com uma grande dedicação e capacidade para trabalhar. Em um cenário em que sejamos obrigados a fazer uma nova eleição presidencial, vocês devem escolher Nicolás Maduro".

A afirmação, feita em tom emocionado por Chávez, alimenta os rumores sobre a piora de seu estado de saúde. O temor é que, após a cirurgia, o presidente morra ou fique impossibilitado de dirigir o país, o que faria com que Maduro completasse este mandato, que dura até 10 de janeiro.

Se essas possibilidades acontecerem após o início do novo mandato de Chávez, o vice-presidente assumiria o país e o governaria até a realização de novas eleições, nos 30 dias subsequentes.

Maduro, 50, é um ex-motorista de ônibus e líder sindicalista venezuelano, que se aproximou de Chávez no início do governo.

Vazio político

A nomeação de Maduro procura fazer com que o projeto de Chávez evite o vazio político. Durante os 14 anos em que ficou no poder, o presidente não deu sinais de quem poderia ser seu sucessor.

No entanto, a nomeação acontece em um momento em que a oposição está mais forte e pode faltar tempo para que Maduro consiga a influência da figura carismática de Chávez.

Os adversários do presidente saíram mais fortalecidos da última eleição, após o ex-governador de Miranda, Henrique Capriles, conseguir 44% dos votos. Com Chávez fora do cenário político, os contrários ao projeto bolivariano poderiam ter mais chances de vencer.

Rumores

Os rumores sobre a piora na saúde de Chávez surgem após três semanas em que o presidente não aparecia em eventos públicos. No dia 27, ele viajou a Cuba para sessões de oxigenação hiperbárica como tratamento contra o câncer.

O presidente afirmou que as novas células cancerosas foram detectadas em novos exames, realizados na semana passada antes que ele voltasse ao país.

O regresso a Caracas foi a contragosto dos médicos, que queriam fazer a cirurgia imediatamente, mas Chávez argumentou que precisava fazer um novo pedido aos parlamentares para sair do país. "Decidi fazer um esforço adicional, na verdade, porque a dor não é significante".

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