A poucos meses das eleições presidenciais de fachada na Venezuela, o ditador Nicolás Maduro, no poder desde 2013, continua atacando a principal base opositora de seu regime. O mais novo episódio ocorreu nesta terça-feira (26), durante uma aparição televisiva, ocasião na qual o líder chavista chamou o partido de María Corina Machado, o Vamos Venezuela (VV), de “organização terrorista”.
“Estão me perseguindo para atentar contra minha vida como ficou demonstrado ontem com a captura de indivíduos do movimento terrorista Vamos Venezuela. Será chamado Vamos Terrorista ”, disse Maduro, referindo-se à ordem de prisão contra dois supostos membros do partido político que, segundo ele, pretendiam cometer um ataque contra sua vida durante o evento organizado para sua nomeação presidencial.
“Hoje foram capturados dois homens armados que pretendiam me atacar. Já declararam que fazem parte do partido fascista de extrema direita Vamos Venezuela”, afirmou. Corína Machado, que foi inabilitada de concorrer às eleições após uma vitória esmagadora nas primárias da oposição, respondeu as acusações rejeitando categoricamente as declarações do ditador, garantindo que "não conhece a identidade e ligação dos detidos com o partido”.
Nos últimos meses, Maduro ordenou repetidas prisões arbitrárias de associados ou apoiadores do Vamos Venezuela, sob acusação de conspirações contra seu regime. Na semana passada, as forças de segurança venezuelanas detiveram Henry Alviárez, identificado como coordenador de campanha do VV, e Dignora Hernández, identificada como dirigente da legenda opositora. O paradeiro e situação dos detidos são desconhecidos
Além deles, outros dirigentes regionais do Vamos Venezuela, o partido de Machado, foram vítimas de “desaparecimento forçado” neste mês: Juan Freites, Luis Camacaro e Guillermo López, representantes nos estados de Vargas, Yaracuy e Trujillo, respectivamente. Eles foram também foram acusados de participar do suposto golpe contra Maduro.
Desde a semana passada, quando foram abertas as inscrições para os candidatos concorrem no pleito de 28 de julho, a principal base opositora da Venezuela, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), da qual faz parte o Vamos Venezuela, encontrou obstáculos para concorrer.
Na noite desta terça (26), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que Edmundo González Urrutia se registrou como candidato pela PUD.
O registro, a princípio provisório e com o objetivo de assegurar vaga para o bloco opositor na eleição, aconteceu depois que a coalizão não conseguiu inscrever Corina Yoris, candidata escolhida depois que María Corina Machado não pôde concorrer devido à sua inabilitação política.